My Happy Birthday Over
Há certo tempo, tenho questões esquisitas a respeito de aniversários.
Minhas redes sociais não mais conhecem a data a qual celebro mais um ano de vida: na verdade degusto com alegria ver aquele dia passando, sem cerimônias.
Quatro pessoas ou três das mais íntimas celebram a data e mandam um whats ou mensagem no Instagram: agradeço e rio, e ainda saliento que se eu não lembrar a data do aniversário das mesmas, que não me matem.
Conhecem-me o suficiente para saber que o Covid fez alguns estragos na mente, esta, que já tinha pitadinhas de um TDHA.
Eu não comemoro mais uma primavera: comemoro um inverno vencido.
Gosto das ideias é de viajar, subir pé de serra, ver vacas e fazer trilhas: soltaria até um foguetinho.
Antes, fazia planos megalomaníacos para a vida; mas, com anos acumulando, sabemos que as coisas mudam de figura.
Não poderemos mais ir a todos os lugares que gostaríamos, nem ouvir todas as músicas e abraçar todos que gostaríamos: coisas que o meu querido Rubem Alves disse.
Muitos já foram para outro plano, os anos passam e a saudade nos esmaga ali.
Somos uma história bem construída, com dores e alegrias e algumas fragilidades na saúde, escolhendo os movimentos para não comprometer a estrutura.
A vida nos balança. Perdas, decepções e por aí vai. Parabéns para você é interessante para as crianças; eu celebro com elas, para elas, se sou convidada. Quando eu não estou com vontade ou muito cansada não vou. Dores pedem pudor, disse o Mia Couto.
Ir e estar de corpo inteiro, se for meio corpo ou meio ânimo não adianta. Presença mesmo é abraço de dentro pra fora. Madrugar na porta de alguém e dizer:
___Eu te Amo po#@*. E aí?
A mim dedico tempo de qualidade e conversas que acrescentam, com aqueles os quais percebo que o coração está verdadeiramente comigo e são verdadeiros.
Sei que já frustrei muitas pessoas que aguardavam o meu parabéns: mas se parabenizo sicrano e não entro nas redes sociais no dia do aniversário de beltrano, desenrola-se o fio da contenda.
Não gosto de cozinhar, nem de mi-mi-mi, nem de vitimismos e autopiedade: sou da turma dos estranhos.
Qualquer pessoa que procurar-me com luto, dúvidas ou dificuldades à respeito de algo esboço minha opinião diante de um café, conforme a afinidade. Aprendi que não posso mudar o mundo, muito menos quem apenas quer informações da minha vida, para certificar-se se evoluí ou não, ou busca sacanagem.
Ser livre dá um trabalhão danado, porque muitas pessoas lhe enxergam como uma ameaça, alguém com uma índole duvidosa ou se mordem porque não tiveram a coragem que você teve de jogar tudo para o alto, abandonar o que era tóxico e que de alguma forma não fazia sentido.
Empurrei o narciso nas águas, porque é a Palavra quem liberta. É Jesus quem liberta, são as decisões que libertam. Se o demônio não tivesse tanto tempo disponível, iria terceirizar alguns serviços, porque o culpam de tudo.
Quem me conhece sabe que trabalho muito e estudo.
Minhas amizades são de Bukowsky a Lewis, e eu aprendo tanto. Sei que não sou muito presente, mas, Amo vocês cambada!
Aconselho e as ideias surtem efeito na vida da pessoa, se ela realmente busca a solução; quem me dera às vezes se eu seguisse meus aconselhamentos: mas santo de casa não faz milagre: mesmo assim me alegro.
E assim caminho com a minha feliz esquisitisse: prefiro a sinceridade, e o maior presente, para quem descobrir o meu aniversário é ouvir e ser ouvida. Amo ouvir e ser ouvida. Laços eternos são fixados na parede da alma. Melhor que bexigas e bagunça para limpar depois.
(Poeta de Borralho)