ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (66): Ressignificando a Igreja de Jesus: Além da Religião Institucionalizada.

Em meio às reflexões sobre a fundação do Cristianismo, deparei-me com afirmações que clamam pela certeza de que Jesus teria estabelecido uma religião. Permitam-me mergulhar nas águas do questionamento e compartilhar meu olhar crítico sobre o assunto.

É inegável que Jesus formou uma comunidade de seguidores, discípulos e apóstolos. No entanto, seria justo afirmar que essa comunidade se transformou instantaneamente em uma religião institucionalizada? Acredito que essa narrativa merece ser investigada mais a fundo.

A declaração atribuída a Jesus, sobre edificar sua Igreja sobre Pedro, pode ser abordada com perspectivas diversas. O teólogo David Bentley Hart destaca que o termo "pedra" nesse contexto pode ter diferentes interpretações. Seria uma metáfora para a fé ou uma alusão à pessoa de Pedro? A ambiguidade dessas palavras nos convida a questionar uma visão unidimensional.

Quanto ao mandamento de "ide e ensinai todas as nações", devemos considerar sua amplitude e significado. Será que Jesus estava estabelecendo uma religião ou, como propõe o teólogo Michael Hardin, ele estava convidando seus seguidores a vivenciar um amor incondicional que transcende as fronteiras institucionais? Talvez seja hora de refletir além das estruturas e abraçar a essência da mensagem de Jesus.

A promessa da vinda do Espírito Santo pode ser interpretada além dos limites do Cristianismo. O teólogo John Polkinghorne sugere que o Espírito Santo é uma presença divina que atua em toda a humanidade, não se restringindo a uma única religião. Essa perspectiva amplia nossos horizontes e nos desafia a reconhecer a diversidade e a pluralidade das experiências espirituais.

Nessa jornada de questionamentos, convido-os a contemplar a possibilidade de que Jesus não tenha fundado uma religião institucionalizada, mas tenha deixado um legado de amor, compaixão e transformação pessoal. Ao nos libertarmos das amarras dogmáticas, abrimos espaço para uma espiritualidade autêntica que transcende os limites de qualquer estrutura religiosa. Que possamos explorar esses caminhos de reflexão com olhos críticos e corações abertos.