ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (63): O Despertar da Fé: Uma Jornada Perigosa.
Era uma manhã de domingo, daquelas em que o sol parece abraçar a cidade e a brisa suave sopra trazendo consigo o cheiro do café fresco. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas, observava atentamente as fachadas coloridas das novas "igrejas evangélicas" que brotavam como flores silvestres em um jardim desordenado. Intrigado, decidi adentrar nesse mundo desconhecido, mergulhar nas águas turbulentas dessas congregações modernas.
Ao cruzar o portal daquela primeira igreja, percebi que suas estruturas estavam enraizadas na facilidade e na conveniência. Depois de entrar em outras quatro, na mesma rua, percebi que todas eram como armadilhas atrativas para os menos esclarecidos, aqueles que não ousam questionar, mas que estão dispostos a aceitar qualquer palavra que lhes seja dita. Ali, a busca pelo conhecimento era deixada de lado, e a ignorância era celebrada como virtude.
Aquelas novas denominações pareciam não ter compromisso com a verdadeira felicidade e o bem-estar do ser humano. Eram como marionetes manipuladas por interesses obscuros, dançando conforme a música de falsas promessas. Eu me perguntava se essas pessoas sequer tinham conhecimento de que as várias vertentes da religião cristã surgiram de dissidências filosóficas respeitáveis, que motivaram movimentos de diversidade dentro da comunidade religiosa no século XVI. Afinal, esses caminhos foram trilhados não pela mera vontade daqueles que completaram um curso por correspondência.
A medida que me aprofundava nesse universo paralelo, testemunhava um espetáculo de ilusões e enganos. Os líderes carismáticos, sedutores em suas palavras, manipulavam as mentes e corações dos fiéis em busca de poder e riqueza. As escrituras sagradas, tão cheias de sabedoria e profundidade, eram relegadas a meros adereços decorativos, enquanto a ganância reinava soberana nos altares.
Em meio a essa jornada perigosa, escolhi uma: A IASD, então me vi envolvido em uma batalha interna entre o fascínio e o desencanto. Por um lado, a emoção da adesão cega, a sensação de pertencimento a algo maior. Por outro, a decepção diante do vazio, da superficialidade e da ausência de um verdadeiro propósito espiritual.
Hoje, olhando para trás, com a bagagem de experiências vividas, percebo que a fé não pode ser moldada pela conveniência. Ela é uma busca constante, uma jornada que exige questionamentos, reflexões e um compromisso genuíno com a verdade. Devemos lembrar que o crescimento desordenado dessas "igrejas evangélicas" é um reflexo de nossa sociedade, onde a ignorância e a falta de discernimento são exploradas em nome de interesses egoístas.
Que possamos resgatar o verdadeiro significado da religiosidade, enraizada no conhecimento, na empatia e no respeito pelo próximo.