ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (59): A Facilidade de Inventar uma Nova Crença.

Tenho amigos que, em algum momento da vida deles, encontraram um novo caminho espiritual. Converteram-se ao evangelismo, como costumam dizer, e agora percorrem os dias com a Bíblia em mãos e uma nova religião no coração. Mas, não é deles que pretendo falar. Não é sobre a transformação pessoal de cada um e sua abordagem singular em relação à crença. Quero abordar, entretanto, a facilidade com que alguém, partindo de sua própria ignorância, ousa inventar uma nova crença desprovida do mínimo conhecimento das Sagradas Escrituras, destituída de qualquer base cultural religiosa e desprovida de autenticidade na fé cristã.

Que tipo de igreja é essa que surge do nada, como se o próprio pastor tivesse sido ungido pelo "Espírito Santo" durante a noite? É uma questão que me inquieta e me faz refletir sobre a natureza da religião em nossos tempos.

Na era em que vivemos, parece que qualquer pessoa com uma ideia, por mais absurda que seja, pode se proclamar líder religioso. Não há critérios, não há exigências, não há um processo de formação e aprofundamento espiritual. Basta que alguém se sinta inspirado, junte alguns seguidores e pronto: uma nova igreja nasce.

Fico a questionar a qualidade da fé que é cultivada nesses ambientes. É uma fé vazia, desprovida de qualquer visão de religiosidade verdadeira. O conhecimento das Sagradas Escrituras, tão fundamental para uma compreensão profunda da fé, é negligenciado em meio a essa onda de criações religiosas. A falta de embasamento torna-se evidente, e é preocupante testemunhar tantas pessoas seguindo cegamente uma liderança que se ergueu sem fundamentos sólidos.

Que mensagem estamos transmitindo para as gerações futuras? Estamos permitindo que a superficialidade e a falta de discernimento contaminem o campo sagrado da espiritualidade. Devemos questionar e discernir, buscar um entendimento mais profundo das verdades espirituais e não nos deixarmos levar por qualquer modismo religioso que apareça.

A religião, em sua essência, deveria ser um farol de luz, uma fonte de sabedoria e esperança. Não podemos permitir que a ignorância se sobreponha à verdade. Cada um de nós tem a responsabilidade de nutrir uma conexão profunda com o divino, de buscar o conhecimento e a compreensão de nossas crenças.

Enquanto observo essa enxurrada de novas igrejas, nascidas sem raízes sólidas, sinto um chamado para a reflexão e a ação. Devemos buscar um equilíbrio entre a autenticidade espiritual e a busca por uma comunidade que nos fortaleça e inspire. Que possamos discernir entre o verdadeiro chamado do Espírito Santo e as vozes que surgem da mera ambição e falta de conhecimento.

É chegada a hora de retomar o verdadeiro propósito da religião: buscar a conexão com o sagrado, enriquecer nossa espiritualidade e confiança em Jesus.