ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (56): Sobre a Transparência nas Instituições Religiosas.

Desvendar os mistérios que se ocultam por trás dos rituais sagrados é um caminho repleto de questionamentos e inquietações. Encontro-me, agora, diante de uma questão que permeia os pensamentos dos fiéis: se os dízimos e ofertas são empregados de forma correta, por que então os membros da igreja são compelidos a adquirir, por conta própria, todo o material missionário, até mesmo um singelo folheto, das Associações, Federações e escritórios superiores?

A cada passo dado nessa jornada de fé, somos confrontados com um paradoxo desconcertante. Afinal, quando se trata de reformar um templo ou erguer novos santuários, somos convocados, em cada culto, a contribuir com ofertas extras. Isso não passa de uma imposição, uma circunstância forçada que incita os irmãos a darem além de suas possibilidades. É um pecado, sem sombra de dúvida.

Os versos sagrados ecoam em minha mente, ressoando com clareza inegável: "Levados pela cobiça, eles, pastores avarentos, vos explorarão com palavras artificiosas" (II Pd 2:3 BSV). O impacto dessas palavras é avassalador, revelando a trama que se desenrola nos bastidores das instituições religiosas. Uma dança perigosa, em que o sagrado se mistura com o interesse pessoal e o discurso se reveste de astúcia.

Vivendo os acontecimentos descritos, sou levado a refletir sobre a transparência que se faz necessária nesse contexto. Como podemos construir a confiança saudável entre os membros da igreja e seus líderes? Como podemos reverter essa situação em que a responsabilidade financeira é transferida para os ombros, daqueles que creem, já sobrecarregados?

É chegada a hora de exigirmos a verdade, de cobrarmos a prestação de contas que tanto anseia por respostas. Cada centavo doado, cada gesto de generosidade, deve ser honrado com integridade e respeito. Não podemos mais permitir que o sagrado seja vilipendiado e que a fé seja explorada por palavras sedutoras e manobras astuciosas.

Que a mensagem ecoe com força em nosso coração e mente, como um chamado à reflexão e à ação. Façamos valer nossa voz e exijamos a transparência que nos é de direito. Somente assim poderemos resgatar a verdadeira essência da religião, construindo uma comunidade em que a generosidade seja sinônimo de confiança e o compromisso com o divino esteja acima de qualquer interesse pessoal.

É hora de dançar uma nova melodia, em que a harmonia entre fé e justiça seja a coreografia que guia nossos passos.