ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (55): O Peso dos Projetos Fantasmas.

Nas dobras do tempo, onde a fé e a busca por um propósito maior se entrelaçam, uma pergunta inquietante emerge: até que ponto estamos verdadeiramente cumprindo a obra de Deus na terra? As referências bíblicas, especialmente aquelas encontradas no Novo Testamento, ecoam como sussurros de sabedoria, revelando um caminho claro e inequívoco. Descubro, então, que esta jornada é uma trajetória pessoal, um chamado individual que clama por ação e comprometimento.

Contudo, vejo com desalento os desvios que ocorrem em meio a essa busca espiritual. Os projetos fantasmas, alimentados por causas avarentas, se multiplicam como turvação que obscurecem a luz divina. É doloroso constatar que a tesouraria "sagrada" e aqueles que se autointitulam "profissionais da religião" se tornam peças-chave nesse cenário, abraçando um erro que tem atrasado o tão aguardado segundo advento de Cristo. A responsabilidade, que deveria ser assumida por cada um de nós, é transferida para outrem ou depositada em uma entidade abstrata, uma organização que se torna intermediária entre o indivíduo e sua relação com o Divino.

Nessa teia de equívocos, vejo o desolador reflexo do nosso tempo. Observo, com uma mistura de perplexidade e tristeza, o "dinheiro de Deus" permanecer inerte, de braços cruzados, enquanto poderia ser transformado em auxílio para os pobres e necessitados. Em vez disso, testemunho sua má utilização, alimentando salários astronômicos e benefícios honorários concedidos a pastores e funcionários que, aos olhos de Jesus, se enquadram na categoria de mercenários. Como não perceber a desolação dessas palavras divinas: "O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas" (Jo 10:13 BLH)?

É chegada a hora de nos perguntarmos: onde reside a verdadeira essência da fé? Como podemos resgatar a pureza de nossos propósitos e a responsabilidade que nos é inerente? Cabe a cada um de nós assumir a tarefa árdua, porém essencial, de refletir sobre nossas próprias ações e escolhas. Não podemos mais delegar a outros aquilo que é nossa obrigação sagrada.

Nesta crônica vivida, como quem caminha pelos eventos do passado, faço um apelo sincero a todos os leitores. Ergamos um olhar crítico para o sistema que nos rodeia, questionemos a validade de projetos que se desvanecem como miragens. Encontremos em nosso íntimo a coragem necessária para romper com os paradigmas estabelecidos e, assim, reconstruir a verdadeira relação entre o Divino e o humano.

Que possamos, em nossas ações e escolhas, manifestar a luz da compaixão e da justiça. Somente então poderemos resgatar o verdadeiro sentido da fé, deixando para trás as máscaras de "santarrão.