Letargia

Hoje eu apenas lamento... não pelas situações em que não obtive sucesso, pois estas serviram-me como lição; lamento pelo tempo que demorei para aprender com meus erros; imatura, relutava em não  assumí-los e saía por aí apontando culpados. Ninguém tem culpa pelas nossas tolas expectativas, as pessoas só podem ser culpadas por suas próprias ações, mas nunca por nossas intuições ... intuir que alguém nos fará feliz é uma aposta muito alta, sem garantia nenhuma de ser realizada.

O tempo da minha recusa faltou- me para viver a plena aceitação das casualidades da vida, daquilo que devia durar ou daquilo que só veio para ensinar. Não podemos, já em idade adulta, permitir que a criança birrenta e mimada que habita nas profundezas do nosso ser, venha dar pitacos nas nossas decisões presentes. Temos de ser complacentes, por vezes saber ceder quando estamos equivocados, vez ou outra entregar os pontos quando a situação não depende exclusivamente de nós. Precisamos saber desatar nós, aperfeiçoar laços e despedir daquilo que não faz mais sentido para o nosso contexto de vida atual.

Podemos seguir em passos lentos para tirar melhor proveito de tudo, porém, temos de ser rápidos em tomadas de atitudes que só dependem do poder de decisão para nos apontar uma nova direção... ocorre também da letargia da compreensão provocar atrasos na busca da verdadeira felicidade: aceitar as efemeridades com naturalidade, sem aflição e sem pesar o coração, entendendo que algo de bom poderá nos alcançar no decorrer da caminhada.

Mas como nunca é tarde para aprender, tenho me aperfeiçoado em refazer algumas lições e aprender outras tantas que a vida aplica. Tem muita prova que é  "surpresa ", se não estivermos atentos, ou não memorizamos nada do aprendizado, seremos "reprovados" mais uma vez, e buscaremos culpados para não assumir a culpa de andarmos dispersos sem interpretar o que a vida quer sinalizar.

Tenho prestado mais atenção em tudo. E no meio do "tudo", não deixo de encantar-me com o belo, camuflado nas simplicidades.