Somos nosso tudo e nada

Para vencer nossas fragilidades é necessário ter consciência do que somos. Os heróis que criamos, com capacidade de vencer os mais brutais inimigos, dominando a força, a beleza e os elementos da natureza, são resultados apenas e tão somente da nossa imaginação na ideia de invencibilidade, de ser aceito, querido, amado.

Somos falíveis, vencíveis. Mesmo que nos suponhamos fortes, somos abalados por diversas situações que atacam nossas mentes e corações. Somos como os rios: em tempos de tempestades, impomos medo, somos força; em tempos de calmaria, somos belos, serenos e acolhedores.

E se os rios secam por falta de cuidados nas suas nascentes, também definhamos se não cuidarmos da nossa mente, coração e corpo.

Em certos momentos, nossos pensamentos nos alçam a condições de fortaleza. Noutros, esses mesmos pensamentos, incutidos em nossas mentes, mostram o quanto somos frágeis.

E se o tempo evoluiu e com a evolução, as gerações desejaram a superioridade, não acompanharam, no todo esse, progresso.

Como seres gregários por essência humana, vivemos conflitos que a modernidade agravou. Hoje, estamos tão juntos e tão separados, tão acompanhados e tão solitários.

Estamos tão distantes dos tempos do filósofo Voltaire e suas ideias e teorias não se perderam nesse cair e levantar do sol, quando buscamos, nessa imensidão de tudo, o que somos.

Nos questionamos sobre a força, que naturalmente nos faz nascer, sem nada sabermos, e que apenas aos poucos e lentamente, é que conseguimos distinguir cores, sabores, sensações, dores e alegrias.

Voltaire referencia que somos o mais frágil dos animais, pois quando nascemos, sequer temos forças, de por vontade própria, nos arrastarmos até as tetas de nossas mães para nos alimentarmos. Sem o acolhimento delas, morreríamos de inanição. Diferentes de outros animais, que por instinto, buscam e conseguem se alimentar, portanto, sendo mais espertos dos que se dizem ter sido predestinados a dominar a natureza, os animais e o mundo.

Vencer nossas fragilidades tem a ver com a forma como nos compreendemos como seres humanos, como nos enxergamos no ambiente que dividimos com outros seres iguais a nós, animais, coisas e a natureza. Acima de tudo, pelas nossas limitações e finitude, é imperante que aceitemos que somos o nosso tudo e nada.

O que alivia é a esperança ou mesmo a ignorância do que somos.

Marcos Filho Escritor
Enviado por Marcos Filho Escritor em 13/07/2023
Código do texto: T7835732
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