ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (44): A Responsabilidade do Coração Generoso.
A luz do sol dourava o horizonte quando me vi imerso em uma reflexão profunda sobre nosso envolvimento com a tesouraria da igreja local. Uma questão tão delicada e repleta de nuances que ecoava em minha mente como uma melodia enigmática.
Seria pecado confiar parte de nossos bens à tesouraria, visando viabilizar um projeto de auxílio aos necessitados de nossa vizinhança? Essa indagação me fazia percorrer um labirinto de sentimentos contraditórios. Mas, em meio a tantas incertezas, algo permanecia claro: a responsabilidade que cada um de nós carrega em nosso coração.
Permita-me ponderar, caro leitor, que confiar nossa contribuição à tesouraria de nossa igreja não é pecado em si. No entanto, sua retidão moral está intrinsecamente ligada à forma como essa contribuição é utilizada. Se é direcionada conforme a vontade divina, se os necessitados congregados encontram alívio em suas aflições, e se cada doador realiza sua ação sem nenhum peso de consciência, então podemos afirmar que não há pecado em nosso gesto de generosidade.
No entanto, há uma importante ressalva a ser feita. Jamais podemos transferir nossa responsabilidade cristã para a tesouraria ou para o tesoureiro incumbido dessa tarefa. Afinal, a doação de recursos materiais não deve ser vista como uma mera obrigação burocrática, mas sim como uma expressão genuína de nossa fé e compromisso com o próximo.
Caro leitor, permita-me ir além. Quanto à sua responsabilidade de dar e direcionar os tesouros confiados a você, essa tarefa não pode ser cobrada do tesoureiro de sua igreja. Ela é sua, e somente sua. Cabe a você o discernimento e sabedoria para escolher onde e como investir sua generosidade, de forma a impactar positivamente a vida daqueles que necessitam.
Em um mundo onde o individualismo muitas vezes se sobrepõe ao coletivo, é crucial que cada um de nós assuma a responsabilidade de cuidar dos menos favorecidos. Não podemos nos isentar da missão de sermos agentes de mudança, de sermos instrumentos do amor divino neste mundo tão carente de compaixão. Sem precisar de terceirizar sua salvação.
Que essa reflexão ecoe em seu coração, querido leitor, como um convite à ação. Não se trata apenas de confiar nossos bens à tesouraria da igreja, mas de assumir a responsabilidade de fazer a diferença na vida daqueles que mais precisam. Que possamos enxergar além das estruturas institucionais e abraçar a verdadeira essência da caridade, da solidariedade e do amor ao próximo.
Que em nossas mãos repousem não apenas moedas e notas, mas também a chama ardente da empatia, da compaixão e da esperança. Que cada doação seja um ato de entrega do coração, refletindo a luz divina que habita em nós individualmente. Pois, no final das contas, a verdadeira tesouraria está em nossas mãos e em nossos corações. Ninguém precisa fazer "vaquinha" para ajudar ninguém, basta fazer o que cada um pode diretamente, Não precisamos transferir as bençãos para organizadores de bingos beneficientes e organizadores de "vaquinhas".