Maria

Ela tinha exatamente quinze anos. Hoje seria uma adolescente mas para aquela época já se tornara mulher. Ela lembra bem a ternura de sua mãe Ana e a firmeza de seu pai Joaquim. Naquele dia era um sábado e seu pai tinha ido na Sinagoga para ouvir a leitura de um texto da Tora. Ela e a mãe foram e ficaram juntas e bem quietinhas respeitando os costumes daquela época que separavam os homens das mulheres. O sol já se recolhia e o sábado terminava quando seu pai transmitiu a elas o texto que fora lido na sinagoga. Era do profeta Isaias, um dos favoritos dela. Maria, era exatamente este seu nome. Uma pessoa simples como tudo fora em sua vida. Eu já não lembro se seus olhos eram verdes, ou castanhos claros. Não lembro bem! Ela tinha uma pele clara, cabelos pretos e de estatura mediana. Ela tinha pouca escolaridade para a época e mesmo assim conseguiu aprender a assinar o seu nome e a escrever cartas. Sua idade era de treze anos. Uma menina ainda. Uma pré-adolescente em plena mudança de suas características de criança para a adolescência. Mas, conforme o costume de sua família ela era moça e já estava na época para casar. Só sei que Maria foi fiel ao seu destino. E quisera o destino que ela viesse a conhecer aquele que seria seu companheiro por vários anos. E que mais tarde o destino o levaria. Em meio as dificuldades que ficaram ela foi mãe! Agora sozinha com seus filhos. Sempre foi dedicada para com todos. Não media esforços e nem sacrifícios. Para isso tinha uma fé inabalada. Rezava! Rezava o terço todos os dias. De manhã, a tarde e a noite. Pedia a Deus, aos Anjos e Santos de devoção para que nunca faltasse o sustento necessário à sua família. Rezava de novo e agradecia. Cantava músicas da infância. Não gostava de rádio e nem de televisão. O que já era modernidade para ela não tinha sentido algum. Porém, sofria calada com as dificuldades que foram surgindo. Seus filhos foram crescendo e saindo de casa. Não desanimava! Adorava viver. E queria viver sempre! Aínda nova os santos anjos a acolheram na eternidade para sempre...

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 11/07/2023
Reeditado em 11/07/2023
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