É festa de São João
Muitos estavam a caráter: dente pintado, chapéu de palha e roupa costurada. Eu fui de camiseta xadrez, mas não exatamente porque sou dedicado. É porque é a roupa mais nova que tenho.
E as nuvens, que até então ameaçavam a realização da festividade, deram lugar ao Sol. Era um sábado quando ocorreu essa, dentre as centenas de festas juninas em escolas públicas pelo Brasil.
Isso porque o baixo orçamento das secretarias de educação forçam as comunidades escolares a arranjar um meio de arrecadar a verba que os governos não enviam para as melhorias necessárias.
No meu livro de microcontos, "Nirvana", escrevi uma micronarrativa abordando essa chaga. Sim, chaga, porque para mim é um problema que precisa ser resolvido.
MOEDINHAS e malandragem
A secretaria de educação sempre prestigiou as festas juninas das escolas.
Quanto mais dinheiro arrecadavam, menos precisava lhes enviar.
Cap IV - Escola, Página 40
Dessa forma, as escolas não têm outra alternativa, a não ser entrar de cabeça nessas atividades.
Fiquei na barraquinha de “Arremesso de Latas”. Pela primeira vez. E última. Foi a promessa feita à minha cervical. Porque as bolinhas e as latas caíam cada qual numa direção distinta, numa espécie de vingança pelo tratamento que pessimamente recebiam naquele jogo. Elas sumiam e eu as catava numa espécie de esconde-esconde onde a mesma pessoa sempre procura.
Depois de alguns quentões -sem álcool- e pipocas, aposentei-me do trabalho nas bancas. E a festa findou-se, com a cooperação da nossa estrela e da temperatura.
E viva São João!