ESCREVO PORQUE O MOTIVO EXISTE

Às vezes fico pensando qual seria minha reação se tivesse em mãos meus escritos da infância e da adolescência. Nostalgia? Ojeriza? Um riso cínico: como pude escrever esse troço?

Comecei a rabiscar minhas criações quando era aluno da Escola Municipal Wonibaldo José Rauber, em Linha Damião, Toropi – hoje extinta. Incentivado pela professora Irene Rosch, escrevia as “composições” propostas a partir de imagens e tirinhas da Cartilha de Comunicação e Expressão. Lembro que a Profa. Irene costumava elogiar minha verve de humor, característica que acredito que consigo manter até hoje nos meus textos.

Mais tarde, aí por volta dos 12 anos, ousei escrever uma “novela” inspirada em parte em minha família, mas no fundo um plágio descarado das novelas Roque Santeiro e Hipertensão, que fizeram sucesso na década de 80, só não lembro se passavam na mesma época. E não parei mais. Escrevia usando meus amigos da escola como “atores”, numa imitação tosca do que eu assistia nas novelas (Ti Ti Ti em sua primeira versão foi uma de minhas inspirações). Como minha letra era um atentado à boa forma – até hoje é -, meus irmãos, que tinham a letra mais bonita, copiavam meus garranchos em cadernos. Com o tempo, perdi meus “secretários”, que certamente tinham coisas mais importantes para fazer do que copiar as maluquices de um marmanjo magrela. Mas continuei escrevendo, agora apelidando minhas criações de “romances”. Ainda eram enredos toscos, com um pé na minha realidade, mas dando asas à imaginação: nos meus “romances” eu me envolvia em peripécias mirabolantes a anos luz da minha realidade pacata e medíocre. O final, evidentemente, era sempre feliz. Graças a Deus perdi ou joguei fora todo esse material ao longo dos anos...

Com o tempo, fui melhorando. Entrei na Casa do Poeta, num espaço chamado Recanto das Letras e em 2008 tive um livro de poesias editado pela Casa mencionada anteriormente.

Na Casa do Poeta estou até hoje e participei de quase todas as antologias. Também continuo no Recanto das Letras. Foi nesse espaço que conheci as três mulheres com quem me relacionei e por causa delas andei de avião pela primeira vez, conheci a capital do Pará, parte de Santa Catarina e o interiorzão de São Paulo. Mas não entrei para paquerar, simplesmente aconteceu de me envolver, embora eu duvide que vá acontecer novamente – estou meio velho pra essas coisas.

Meu livro de poesias? Digamos que encalhou e digamos hoje eu não escreveria muitas das poesias que saíram nele. Não é ojeriza ao primeiro filho: é senso do ridículo. E se está encalhado é por que infelizmente poesia não vende. Maior prova disso é que grandes poetas como Drummond e Vinícius de Moraes tiveram outras profissões como ganha – pão.

Isso posto, continuo lendo e escrevendo muito. A leitura aperfeiçoa a minha escrita e as duas tem sido um alento para fugir dos problemas e não cair numa possível depressão.

Recomendo ambas e agradeço aos meus possíveis leitores pelo carinho e apreço.