DESABAFO REVELADOR

Certa vez, fui contratado para escrever o livro retratando a biografia de um grande empresário paulistano. Quando foi concluída a parte do texto, ele me convidou para uma feijoada no seu sítio, por sinal bela propriedade com inúmeros lagos, com o propósito de compartilhar o material aos familiares antes de publicação. Foi um encontro delicioso, alegre e bem descontraído, quando a esposa, filhas, filho, genros e nora tiveram a oportunidade de sugerir correções e acréscimos à vontade, contribuindo para melhoria da qualidade do trabalho. Ao final, o cliente me acompanhou até o carro e desabafou: "São todos uns falsos, não vendo a hora que eu morra pra se matarem por um teco maior nas minhas empresas, que construí do nada gastando a maioria dos dias da minha vida...".

Passaram alguns anos daquele encontro e soube recentemente que ele estava bem mal de saúde, com poucas chances de recuperação. Então pensei que aqueles familiares devem já estar afiando seu facões e bolando estratégias maquiavélicas pra logo entrarem na guerra. Triste desfecho de uma história que poderia ter tido final bem diferente.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 05/07/2023
Reeditado em 05/07/2023
Código do texto: T7829671
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