ORGIA COTIDIANA
Para a máquina de lavar vão todos os nossos rasgos, suores e pedaços amassados da alma. Nela se misturam os cheiros das criaturas que habitam a mesma toca, se transformando num cheiro só. Mangas enfurnam no bolso de outras peças, golas acarinham a barra de outras calças, botões roçam levemente outros botões. Essa orgia vira um ciclone alucinado até que, num dado momento, tudo vira silêncio absoluto, como se ecoassem a mesma canção, só aguardando a bênção do Sol para reassumir o seu papel original.