BANCO DE SANGUE
Por me considerar eticamente devedor, doei sangue por mais de trinta anos consecutivos. Tive até carteirinha que me daria prioridade de atendimento caso necessitasse de algum hemoderivado, coisa que felizmente, nunca precisei.
Passei da idade limite para ser considerado apto, mas isso não me impede de acompanhar a minha esposa quando ela vai fazer, voluntariamente, a sua doação periódica no banco de sangue do Hospital Mário Covas aqui em Santo André/SP e que, para não faltar ao trabalho, essas doações são feitas normalmente aos sábados pela manhã.
Como tudo em São Paulo, o hospital é muito grande, muitos corredores, salas de espera, muitos funcionários num ir e vir constante, portas, muitas portas envidraçadas com avisos pregados para melhor encaminhamento das pessoas não familiarizadas com aquele universo paralelo.
No meio da passarela de acesso ao local de doação, a partir do estacionamento, tem uma porta envidraçada no lado esquerdo que expõe dois desses avisos: DOAÇÃO DE SANGUE; o outro: PORTA FECHADA. SÓ É ABERTA AS SEXTAS E SÁBADOS.
Neste mesmo corredor, à guisa de sala de espera, enfileirados junto à grade de proteção do lado direito, há pelo menos 70 bancos estofados com estrutura de metal e sem encosto para que os acompanhantes não precisem aumentar a população na área de atendimento, como sempre, abarrotada.
Mas ao contrário da informação e do adiantado da hora, a porta nunca está aberta.
Muitas pessoas giram a maçaneta e ficam com a cara de paisagem, sem entender o porquê de a porta permanecer trancada, se o salão depois dela está cheio de gente, muitos em pé por falta de assento.
Quando estou por perto eu indico que a entrada fica à esquerda, no final da grade, onde está escrito: RECEPÇÃO.
Não seria bem mais prático substituir a segunda placa por uma com uma simples seta indicando que a ENTRADA é mais adiante?
Administração de Empresas é tão importante para a organização do trabalho que virou curso em terceiro grau, mas a praticidade das decisões simples, não precisam de cursos, basta um pouco de inteligência, coisa muito difícil de se encontrar entre as vítimas (de)formadas nos cursos de Humanas sob a égide de Paulo Freire, o educador de bosta, cujas decisões afetam as vidas de todos nós.