O MILHARAL
Moro em zona urbana de grande cidade porém, vim do interior e da minha lembrança não saem as cenas das fazendas de criação de animais e as plantações. Em minha memória sobreviveu o milharal, tão comum neste Brasil de Norte a Sul.
Primeiro vê-se aquele torrão abrindo espaço a um pequeno caule, com duas folhas. Em poucos tempo, já forte e empertigado e, em sessenta dias, tomando a forma de um pé de milho adulto, pronto para produzir as espigas que darão fartura ao pequeno agricultor, ao seu gado miúdo, aos porcos e galinhas e o excedente que será vendido para gerar renda.
Bonita roça quando a espiga se formando, lança seu cabelo amarelo, marrom, vermelho, roxo ou branco, balançando ao vento. É promessa de boa colheita.
Nesse interim, a enxada, tac-tac-tac na terra, arranca o mato, o picão preto, o pé-de-galinha, o carrapicho, ao mesmo tempo em que vai chegando terra à planta. E esta, vai crescendo, espigando, granando. E o agricultor fazendo as contas de quantas sacas vai colher...o tempo vai ajudar? Seus olhos perscrutam o céu em busca de nuvens escuras, promessas de chuva, ou seus lábios se movem em oração para cessar a chuva pois as espigas, ainda imaturas, não vão resistir à podridão.
Todo dia o homem percorre a plantação, vendo a roça se desenvolver, procurando e extirpando pragas, roedores, lagartas, formigas. Precisa estar atento pois em uma noite grande estrago se consuma.
Depois de colhida a safra, nova preocupação, armazenagem, ataques de roedores, carunchos...
Assim é a vida no campo. Cheia de desafios, de trabalho, canseira, calos nas mãos, suor no rosto queimado, pele curtida pelo sol.
Entretanto, que alegria é o paiol cheio, o resultado da venda de tantas sacas. Esse é o responsável pelo alimento em nossa mesa.
Graças damos a Deus pelo produtor e pelo alimento produzido nesta terra generosa.