Mignon, o poodle taradão
Aluu! Inuugujaq meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez vem aqui no meu canil literário ler pet crônicas. Ajuungila?
Depois do meu aniversário dei um hiato de duas semanas sem dar as caras por aqui ou em qualquer outro lugar. Deixei pra voltar a escrever para tuzes agora em julho. Na verdade, estive ocioso em junho, só publiquei dois textos. Entretanto, como acontece com todo o bom cronista, as crônicas nos procuram. Tu nem precisas inventar nada nada, as histórias caem prontas na tua escrivaninha, oriundas da família mesmo.
Pois então, como tuzes sabem, este Bacamarte é orfão recente de pai e de mãe. Dentre as coisas que foram separadas entre os parentes, o poodle de meu pai, o Mignon - que é bem parecido com esse da foto acima -, ficou lá com meu irmão mais velho. Mignon quer dizer "fofinho em francês", pois poodle, tuzes devem saber, é uma raça francesa. O Velho Bacamarte era meio que francófono, suspeito que também teve uma Aline na vida dele. Entretanto, a bem da verdade - coisa difícil para um mentiroso contumaz e recalcitrante como eu -, devo dizer que o Mignon era mestiço, embora tenha mais características marcantes da raça poodle. A mãe dele era poodle.
O Velho Bacamarte era um veterano, um cara da velhíssima escola, nunca castrou o Mignon e criava ele solto na rua, ia onde o pai ia. Logo, era um poodle branco marrom de sujeira, um cachorro da rua, do trecho. Ficamos surpresos que o pai, no fim da vida, todo metido a brabão e atirador, tivesse pego um poodle pra criar. Assim, uns dias depois do meu níver, liga o meu irmão, apavorado.
- Tunico, tu não imaginas o problemão que o Mignon me arrumou!
- O poodle do pai? Que problema um poodle pode arrumar? Matou um gato? Atacou um criança? Mordeu um anão?
- Não, nada disso, tu nem imagina... Sabe os cachorros do meu vizinho?
- Aqueles dois chatos do teu vizinho chato? Sei. O que foi?
- Acredita que o Mignon pulou meu muro pra ir brigar com eles?
- Como? O teu muro é alto.
- Fiz umas obras aqui em casa e deixei umas tábuas escoradas nele. Tu acredita que ele subiu por elas?
- Mas que barbaridade, o poodle do pai! Bom, aqueles cachorros são maiores que o Mignon. Mataram ele?
- Mataram? Que mataram, nada! O Mignon deu uma surra neles!
- O poodle deu uma surra nos dois? Tu vê só, o poodle. E qual o problema que deu? Não acredito que o chato ainda veio reclamar que os cachorros dele apanharam do Mignon. Eu ficaria com vergonha se o Blackfire apanhasse de um poodle.
- O problema é que ele não apenas bateu nos cães...
- Não vai me dizer que o Mignon matou eles?
- Não, tu acredita que o Mignon violentou um deles?
-Com é? Tá brincando, né? Não me ligou a essa hora da manhã pra contar mentira, né? O poodle do pai bateu em dois cachorros maiores e ainda por cima violou um deles? Só pode ser mentira de Bacamarte.
- Não, não é, juro! O velho pegou o Mignon no ato, daí botou ele pra correr e veio reclamar comigo, furioso.
- Tu vê, o poodle...
- É, pra ti vê. Ele exigiu que eu chamasse um veterinário. Será que isso vai dar incomodação?
- Que incomodação? Vão prender o Mignon por agressão ou estupro? Se tu chamou o veterinário e ele costurou os cães dele, vai ficar por isso mesmo. Passado o nervoso, acho até que o teu vizinho vai se abafar de vergonha. Imagina? Os cães dele levaram a pior contra um poodle.
- É, pois é, também, fiquei nervoso com a coisa. Nunca pensei que algo assim aconteceria, ainda mais da parte do Mignon!
- Nem eu. Pois é, tu vê, o poodle do pai. Agressor e violador. O pai daria risada disso.
- Pior é que daria mesmo.
- Diria: "Esse é o meu cachorrinho! Não criei filho e nem cachorro bundamole!"
- Mas essa dele ter violentado o cachorro, isso foi muito além da conta. Tá louco! Vou mandar castrar ele, tá mais do que na hora, depois dessa.
- É, realmente, essa foi demais, uma barbaridade. Castra, sim. Se não fosse tu me contando, eu acharia que era uma das típicas mentiras dos Bacamarte.
- Pior que eu também não acreditaria.
- Então tá. Não esquenta. Qualquer coisa eu te ajudo aí com uma grana pro veterinário ou com alguma indenização que o chato queira.
- Valeu, Tunico. Abraço.
Pois então, vejam tuzes, o poodle, o poodle do meu pai fez uma coisa dessas! A vida é muito mais criativa que a nossa imaginação literária, podem crer. Tuzes não vão acreditar, tenho certeza, mas essa, por incrível que pareça, é mesmo verdade, não é mentira minha. Não inventei uma vírgula nessa história, ela é toda obra do Mignon mesmo.
Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores:
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.
Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte