A IMPOSSIBILIDADE DE HOJE É A CERTEZA DO AMANHÃ.
A verdade é que eu sempre desejei voltar no tempo...
Quem nunca teve esse anseio de retroceder no tempo para reparar algo da vida, ou evitar de ter tomado determinada decisão. Se fosse possível, eu entraria em uma máquina do tempo agora mesmo e retornaria em algum momento da vida, pena que as máquinas do tempo não existam, pelo menos ainda não. Essa vontade é muito comum e não é um sentimento novo, um exemplo é Albert Einstein, Tesla, entre outros grandes nomes que me fogem a memória, também fascinados com essa ideia e fizeram estudos sobre o assunto. Alguns chegaram bem perto, tal como Tesla em um famoso experimento que o fez ver passado e presente ao mesmo tempo. O que me faz acreditar nessa possibilidade absurda, daquilo antes impensável, hoje, com todas as nossas tecnologias e descobertas, é apenas uma curva na estrada que logo será alcançada.
Eu acho que foi o filme dos vingadores que atiçou em mim essa vontade, e tenho absoluta certeza que outros também compartilham do mesmo desejo. Imaginem os senhores como seria essa viagem? Penso muito nisso, principalmente quando fico olhando as minhas fotos antigas, os lugares por onde passei, as pessoas com quem conversei, as experiências que vivenciei, tudo registrado em fotografias já desbotadas pelo tempo. Cada vez que vejo uma foto dessas ela trás consigo uma carga de emoções indescritível, algumas são boas, já outras bem ruins. Quem nunca ficou um tempinho com uma foto nas mãos, olhando, pensando, conjecturando as possibilidades disso ou daquilo que eu poderia ter feito diferente, enfim... É aí que surge essa minha vontade desvairada de reviver alguns momentos no relógio dos anos.
Justamente nesse momento em que trabalho na crônica deste domingo, estou com algumas dessas fotos em mãos, e confesso... O coração bate acelerado no peito, desejando encontrar essa máquina do tempo o quanto antes, talvez ela já até exista por aí. Há fotos bem antigas comigo, de um tempo em que eu nem existia ainda, da juventude de meus pais e avós. Esse tempo especificamente eu visitaria a título de curiosidade, nele, eu seria apenas um observador curioso, espiando de um canto qualquer sem interferir em nada e nem me revelar para ninguém, nem mesmo para os meus parentes.
Outra questão veio à tona, afinal, com tantas fotos e possibilidades, qual momento eu escolheria para visitar? Talvez a minha lua de mel, quando então eu estava na piscina do hotel fazenda, em um domingo ensolarado. Lá estava esse jovem poeta, na flor da idade e cheio de sonhos. Certamente eu abordaria esse rapaz e sua jovem esposa, me apresentaria dizendo ser a sua versão do futuro, tentaria dizer qualquer coisa em face do seu espanto. Porém, o que eu falaria para a minha versão mais nova? De todas as vivências, experiências, desventuras, sonhos, frustrações, alegrias, decepções, de tudo, o que dizer? Qual assunto seria relevante ao ponto de ignorar outros mais? De uma coisa eu sei, haveria duas versões minhas, contemplativas, curiosas, observadoras, ambas reféns do silêncio, querendo falar tudo e acabando por não dizer nada.
Enquanto essa máquina do tempo não aparece, sou apenas um viajante de meus próprios pensamentos e imaginações. Na minha cabeça essa aventura já aconteceu tantas e tantas vezes e com diferentes desfechos... Sei apenas que a impossibilidade de hoje é a certeza do amanhã.