ERA UMA VEZ

Era uma vez é uma cidade sem planejamentos estruturantes, portanto, semelhante a um infantojuvenil que não tem o hábito da leitura diária e permanente.

Francisco de Paula Melo Aguiar

Era uma vez...

Uma cidade que tinha tudo e nada tem.

Tinha a terceira população do Estado da federação onde ela está localizada.

Tinha a quadragésima primeira população da região Nordeste do país onde está localizada.

Tinha a ducentesima primeira população do país onde está localizada.

Tinha o primeiro engenho fabricando açúcar em suas terras ainda no século XVI.

Tinha engenhos de fogo morto, porém, continuam fornecedores de cana de açúcar para as usinas.

Tinha seis usinas produzindo açúcar e álcool, das quais duas foram engolidas pela falência estrutural financeira e econômica.

Tinha a primeira fábrica de cimento da América do Latina em suas terras que só funcionou noventa dias e cujas ruínas aí estão por mesmas contando sua história para o tempo que não acaba.

Tinha a primeira fábrica de tecidos no Estado onde está localizado, fundada na última década do século XIX, igualmente falida, restando apenas o bueiro e o nome na localidade.

Tinha ligações com o mundo pelas vias: marítima, aérea, rodoviária e ferroviária.

Tinha a indústria de cerâmica a perder de vista.

Tinha o título de cidade das águas minerais naturalmente.

Tinha um distrito industrial em crescimento e desenvolvimento.

Tinha dinheiro para tudo que entendesse fazer de pedra, cal e fomentar os sonhos da população que clama por um hospital infantojuvenil, um mercado público municipal de verdade, pelo menos restaurado o atual que é da década de 40 do século XX e cujas estruturas estão caindo com o sopro do vento da destruição.

Tinha mão de obra como matéria prima para todas as profissões e atividades profissionais.

Tinha dinheiro para adotar os sistemas de educação, saúde, amparo social aos pobres invisíveis que nada tem, porque em primeiro lugar em qualquer gestão deve ter o objetivo de atendimento às necessidades do povo em sua totalidade, uma vez que são os únicos usuários e mantenedores do dinheiro público que paga tudo e quase nada recebe de volta do poder mantido por todos.

Era uma vez uma cidade sem rodoviária.

Era uma vez uma cidade com as escolas públicas caindo os pedaços.

Era uma uma vez postos e clínicas públicas sem medicentos, médicos, enfermeiros, dentistas, etc, os 365 dias do ano.

Era uma vez uma cidade que fazia festa com força para a população não fazer reflexão e ter pensamento especulativo para saber quem está pagando a conta de tudo.

Era uma vez uma população que clama por restaurantes populares, por creches e não por depósitos de crianças.

Era uma vez um sistema de fornecimento precário de água e esgotamento sanitário sem projetos estruturantes para os próximos dez, vinte anos.

Era uma vez mesmo, o que falta é a população acordar...

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 02/07/2023
Reeditado em 02/07/2023
Código do texto: T7827291
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