O Relógio do Tempo
O sol é o relógio do tempo. É o marcador dos dias que consome a nós e os nossos momentos.
À medida que amadurecemos as memórias das fases vividas vão se registrando, se arquivando. Até que por uma situação inesperada somos convidados pelo Senhor Tempo a revirar as gavetas das recordações; nos cantos recônditos das lembranças a saudade se apresenta vagando nas emoções dos tempos idos, dos ciclos mais simples, já vividos.
É quando o Senhor Tempo sussurra em nossos ouvidos uma melodia serena com um misto de alegria e de dor, num abraço invisível da nostalgia que envolve e aperta o coração, prova genuína de que viver é mais do que existir, viver é construção de histórias e esperanças, de olhares e sentimentos, de toques e afetos, de lágrimas e risos.
Nas memórias solares se vê o reflexo dos fios pelo tempo tecidos, a olho nu não vistos, mas que unem passado e presente ora aquecendo a alma ora deixando um nó na garganta e fazendo rolar uma doce e sentida lágrima.
O pôr do sol nos revela a tristeza da finitude da vida e por outro lado a beleza de uma vida bem usufruída. Nos revela que amamos e fomos amados, que de cada encontro ficou um rastro marcado. Que a saudade é um raio de sol de um amor genuíno a alguém ofertado, por alguém sentido.
Alvaniza Macedo
30/06/2023