Alguém sabia quem
Vivi minha infância numa cidade do interior mineiro chamada Bom Despacho. A meninada brincava na rua todas as noites, corria atrás do ônibus que chegava da capital e enlouquecia quando chegavam na cidade um circo ou um parque de diversão. Os parques eram montados no "Campinho". As luzes da roda gigante e as músicas altas eram lindas demais! As vozes dos locutores dos parques eram sempre iguais. Únicas. Parecia que era um locutor só, fosse o parque que fosse. E toda noite, lá no parque, por várias vezes, algum apaixonado ia até a "mesa de som" e pedia que fosse tocada determinada música que, em seu coração, só em seu coração, era oferecida a alguém.
O locutor anunciava a música e dizia a famosa frase que nunca saiu da memória de quem ia sempre lá: "Alguém oferece para alguém e esse alguém sabe quem."
No meio de tanta gente um coração disparava. Era verdade. Alguém sabia quem...
Uberaba - junho/2020