BRANQUINHO OU MORENINHO?

Pão frances, pão de sal, jacó, careca, massa grossa... Muitos nomes diferentes espalhando o pão de cada dia pelo Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul é cacetinho.

De todas as preferências existentes nesse novo mundo, uma delas anda chamando minha atenção pelo simples detalhe do aspecto. Bem, a crocância e o sabor mudam, no entanto, o pedido feito é no mínimo, curioso para quem se acostumou a pedir apenas "10 cacetinhos" (Custava 1 real).

Tenho percebido que as filas para comprar o pão tem demorado mais do que antigamente. Claro que alguns levam presunto, queijo, mortadela (Não antes de tirar aquela fatia que passou dos 100 gramas solicitados) e algum pão recheado, salgado ou cuca. Isto é, demora para a embalagem, pesagem e entrega. Isso tudo vem de sempre, mas ficar apontando pelo vidro os cacetinhos preferidos para sua mesa é um detalhe intrigante e demorado. A balconista precisa romper e desmontar a pilha de pães para chegar naquele que pela preferência, ficou dez segundos a mais no forno e teve sua cor “degradê” mais evidenciada. Aquela casquinha superior deve ter tido uma experiência mágica durante os segundos que o padeiro tirava a outra esteira e a colocava na prateleira. Aquele pequeno pedaço de massa feito com farinha, açúcar, sal e água deve ter sido abençoado pelos deuses panificadores. Setenta gramas de alimento que devem ter tido a melhor passada no cilindro. Tudo isso deve ter levado os olhos da cliente exigente até aquele cacetinho: O mais moreninho.

Sem dizer que podemos ler e interpretar tudo isso com o olhar no mais branquinho, que também abençoado pelos deuses panificadores, com o mesmo peso e receita igual, entretanto, foi o primeiro a deixar o forno, o líder da corrida maluca da padaria do seu Zé. Lá, onde a fila ultrapassa o freezer do leite, cruza o balcão do caixa, vira no hortifruti e termina na prateleira da maionese, que talvez seja colocada no cestinho de compras, com as bananas e o leite. Esse caminho perfeito é uma jogada de marketing do seu Zé?

Para que o tempo seja diminuído em relação à satisfação do cliente, grandes supermercados de Porto Alegre já contam com a separação dos moreninhos e branquinhos, o atendente não precisa mais enfiar a mão e amassar os demais para chegar no cacetinho solicitado. Ficou mais prático, cada parte do balcão carrega sua cor definida.

Entendo que o cliente tem sempre razão, o que me faz crer que uma segunda fila deve ser criada, um lugar especial para aquele que ao olhar para o expositor e não ter certeza se quer o branquinho ou o moreninho, não fique preocupado com os que vem atrás e ter mais calma até chegar à sua conclusão. É bem provável que saia da padaria, deixando o cacetinho para trás, com uma sacola de biscoitão ou pão sovado, mas reclamando que estão branquinhos ou moreninhos, além do ponto.

Tem alguns que pedem um “meio-termo”, nem moreninho, nem branquinho. Nesse caso não tenho como opinar, vai além da minha compreensão.

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