Abaixo à madrugada
Nas horas mortas da madrugada, não se houve rangidos nem rumores, somente o silêncio predominante. A rua nebulosa e soturna assusta até mesmo animais de hábitos noturnos. Carros estacionados nas calçadas, sem vida. Árvores repousam à noite no sereno de Inverno liberando oxigênio para com uma paisagem tênue e poluída, entretanto, caladas.
Olho para o relógio que lentamente custa a passar o tempo, cujo sono não vem. Levando, fumo um cigarro, olhares ao relento da janela, penso que algo poderia ter sido diferente; profissão, paixões, saúde, maior aproximação com Deus...
E a madrugada tediosa tende a me maltratar. Ligo a TV e programas religiosos não me apetecem. Amigos de grupos de whats não enviaram nas ultimas 24 horas vídeos debochados. Meus cães dormem feito gatos e o tempo passa lentamente.
Por fim, decido ler não sei o quẽ, talvez algo menos entediante que esta noite e mais interessante que os suspiros profundos de sono da amada.
Ouço um galo cantar ao longe, o que me faz acreditar que há vida lá fora. Enquanto eu, nesse apartamento, preso aos meus fantasmas, escrevo inserções madrugais. Logo será de manhã e a frenética vida diurna se restabelecerá.
Madrugadas assim são como poços profundos, vazios, misteriosos… sensação de pânico sem fim.