Abaixo à madrugada

Nas horas mortas da madrugada, não se houve rangidos nem rumores, somente o silêncio predominante. A rua nebulosa e soturna assusta até mesmo animais de hábitos noturnos. Carros estacionados nas calçadas, sem vida. Árvores repousam à noite no sereno de Inverno liberando oxigênio para com uma paisagem tênue e poluída, entretanto, caladas.

Olho para o relógio que lentamente custa a passar o tempo, cujo sono não vem. Levando, fumo um cigarro, olhares ao relento da janela, penso que algo poderia ter sido diferente; profissão, paixões, saúde, maior aproximação com Deus...

E a madrugada tediosa tende a me maltratar. Ligo a TV e programas religiosos não me apetecem. Amigos de grupos de whats não enviaram nas ultimas 24 horas vídeos debochados. Meus cães dormem feito gatos e o tempo passa lentamente.

Por fim, decido ler não sei o quẽ, talvez algo menos entediante que esta noite e mais interessante que os suspiros profundos de sono da amada.

Ouço um galo cantar ao longe, o que me faz acreditar que há vida lá fora. Enquanto eu, nesse apartamento, preso aos meus fantasmas, escrevo inserções madrugais. Logo será de manhã e a frenética vida diurna se restabelecerá.

Madrugadas assim são como poços profundos, vazios, misteriosos… sensação de pânico sem fim.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 29/06/2023
Reeditado em 29/06/2023
Código do texto: T7824937
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