Proseando com minha mãe
Hoje visitei a minha mãe. Sentados na varanda se refrescando com o sol gostoso da tarde de inverno, proseamos. É tão bom deixar o coração livre a prosear.
Não sei como chegamos neste tema, estar com ela é ficar a ouvir a cantoria dos passarinhos no quintal e deixar a língua solta dos nossos corações.
Ela me falou uma coisa, talvez já dita tantas vezes, isto não importa, as falas quando vindas do coração nunca serão repetitivas:
" Agente sempre morre sozinho. Pode ter gente ao nosso redor no momento derradeiro, mais na passagem, ninguém vem nos dar a mão e ajudar a atravessar a porta pro lado de lá, se é que existe o lado de lá. Nos meus quase 100 anos nunca ninguém veio me contar como é o lado de lá.
Também não tô muito interessada em saber. Quero mais é viver. Viver é bom demais.
Jorge, vamos tomar um café e mudar o rumo desta prosa?"