Proseando com minha mãe

Hoje visitei a minha mãe. Sentados na varanda se refrescando com o sol gostoso da tarde de inverno, proseamos. É tão bom deixar o coração livre a prosear.

Não sei como chegamos neste tema, estar com ela é ficar a ouvir a cantoria dos passarinhos no quintal e deixar a língua solta dos nossos corações.

Ela me falou uma coisa, talvez já dita tantas vezes, isto não importa, as falas quando vindas do coração nunca serão repetitivas:

" Agente sempre morre sozinho. Pode ter gente ao nosso redor no momento derradeiro, mais na passagem, ninguém vem nos dar a mão e ajudar a atravessar a porta pro lado de lá, se é que existe o lado de lá. Nos meus quase 100 anos nunca ninguém veio me contar como é o lado de lá.

Também não tô muito interessada em saber. Quero mais é viver. Viver é bom demais.

Jorge, vamos tomar um café e mudar o rumo desta prosa?"

Jorge Sousa
Enviado por Jorge Sousa em 29/06/2023
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