À Primeira Vista

Não me faltou inspiração, pois fui observadora de algo sublime que me fez refletir sobre a singeleza da vida. No entanto, adiei o ato da escrita por meses. Desejei uma escrita meiga, envolvente e doce, mas não sabia se conseguiria. Hoje, após meses, senti inquietações pelo fato de não ter escrito antes e, assim, me propus ao exercício da escrita. Confesso a você, leitor (a), desculpe minha sinceridade, mas adiei por medo de não conseguir transcrever os sentimentos que afloraram em mim no momento. Não foi por sua causa, mas sim por mim mesma.

Não me considero poeta, longe disso, mas a vida em sua essência nos leva a lugares que não imaginamos. Nestes encontros, momentos sublimes surgem e cabe a nós enxergarmos, ‘‘pelos olhos do poeta’’, o brilho do momento. E assim, de um dia para o outro, eu estava em um carro apertado viajando para a capital. Não tive pretensão de escrever durante a viagem, mas depois de tanto tempo, minha alma de cronista me forçou a deslizar meus dedos sobre o teclado, e as palavras foram tomando ritmo e forma.

É poético! É romântico! À primeira vista, o olhar salta, se personifica, toma forma e se torna o centro do corpo. Dessa forma, eu presenciei o tão esperado momento: ao meu lado, um jovem descobrindo a vida, presenciando o novo, e à primeira vista, a voz do mar falou à alma e nesses casos, há mares que vem para o bem.

Quando os olhos do jovem se abriram para a vastidão azul, senti a vibração do coração do menino, palpitando em sincronia com o horizonte do mar. Foi divino, foi pura magia. Escondi uma lágima que teimou nascer em meus olhos, naquele momento, minha alma despertou de um sono profundo. O mundo se revelou em tons de azul e o sorriso do jovem menino sussurrou junto ao mar antigos segredos em meu ouvido.

Os olhos se perderam na linha tênue entre céu e água, e as ondas dançaram num ritmo hipnotizante. Mesmo calçado, o jovem menino sentiu a areia beijar os pés descalços, numa carícia suave, e sua a alma se embriagou de liberdade radiante. “Mãe estou vendo o mar!” bradou como o som do trovão a doce voz do menino.

Que bela pintura! Ver o menino contemplar o mar pela primeira foi como renascer e ser banhada por uma maré de emoções, descobri que a vida é um eterno recomeço. E ali, nos braços do mar, num momento mágico, nos tornamos parte da imensidão, um todo universal.

Ah! Caro leitor(a), deixe-se levar pela emoção, veja através dos olhos da criança que ainda existe em você. Vislumbre o mar com os olhos encantados, pois nele reside a poesia da existência. Espero que a beleza desse encontro, permaneça viva na memória do jovem menino, na minha e na sua também pela eternidade, pois as ondas dançaram em letras e as palavras ecoaram como poesia, e o mar? Ah! O mar limpa a alma.

Daniele Pereira
Enviado por Daniele Pereira em 28/06/2023
Reeditado em 29/06/2023
Código do texto: T7824301
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