Minha mente poética

Não. Não foi um teste. Foi minha verve poética que quase foi cerrada pela visão pouco criativa de um dos coleguinhas de jogo de pião.

_Sua vez. Já marcou a última pontuação?

A ponta do brinquedo servia de lápis na folha do terreno demarcado para o placar.

_Sim, está(,) MARCO.

E a reprovação do meu particípio irregular veio com uma repreensão tamanha, como a querer rebaixar meu parco vocabulário de jovem de 14 anos de idade. Bem que eu preferia os livros (tinha pouquíssimos), os cadernos, os lápis de cor. "Vai, filho! Brincar é saudável. Tenha convívio social.", corroborava minha avó. E fui.

_De onde tu já tirou esse "marco"? Não existe!

E a garotada ensaiava um deboche. E meu parco vocabulário não soube explicar a poesia sentida. E respondi:

_Não sei, MARCO.

Perdi o jogo; todavia, ganhei esta crônica.

(FURTADO, Jonas)