"Ruas, esquinas e estrêlas..."
Ainda ontem ,
o inventor das saudades levou-me de volta
á rua em que eu brincava nos longes de minha infância,
onde felicidade era contar estrelas e descobrir figuras nas nuvens ,
nas noites em que a fumaça não escondia o céu.
A Vila estava lá, em meu baú de memórias tantas,
de um passado remoto, de um tempo adormecido dentro de mim.
Eu ainda podia ouvir o riacho de águas mansas
que corria, teimoso, à margem da Fábrica de cimento,
e o ranger do trem nos trilhos lá longe.
Eu, menino ainda, e outros viajantes do mesmo tempo, em disputa frenética
com a bola nos pés: eram os amigos que ainda estavam lá e sorriam o riso dos viajantes das lembranças que nunca se apagam.
Tudo que havia lá eu chamava de meu.
Meu campo,
meu rio,
meu pé de goiaba,
meus amigos,
minha linha do horizonte...
Mas, agora, minha Vila não é só minha !
Em um tempo em que tudo passa ligeiro,
ela é só um pedaço do coração que ás vezes foge
e voa de volta ao o passado.
Enquanto isso, no hoje que me resta,
minhas lembranças vão voando, como um passarinho,
buscando abrigo sob o véu das estrelas
Voa, passarinho, voa ...!