“O dia em que acordei!”

Era mais uma tarde de sol quente. Em casa acompanhada da minha avó e seu sorriso sempre acolhedor. Ela estava lá, sentada em seu sofá, a tomar um tradicional chimarrão amargo. Após o almoço. De repente, eu, ainda a lhe olhar, senti uma forte dor de cabeça e o cenário, como quem troca de canal, mudou de ambiente.

A dor de cabeça continuava forte. Tentava abrir os olhos com dificuldade. Uma luz impedia o gesto. Aos poucos, alguns rostos desconhecidos a me encarar foram sendo revelados. Me olhavam do alto como se embaixo eu estivesse.

Segundos de silêncio. Sem nada a entender. Ainda confusa, ouvi uma voz gritar: - “Ufa! Viva, está viva!

Ao escutar a frase, a Professora assustada correu porta a fora. Enquanto isso, sentia vagarosamente o meu corpo esticado no chão. A cabeça ainda a doer.

Olhei para cima e avistei um menino com seus cabelos loiros compridos, quase sobre o meu rosto a me observar. Os olhos eram azuis. Falou algo com sotaque carioca. Aos meus pés estava uma menina. Postura bruta, cabelos também loiros, porém curtos. Baixinha, rosto sério e espantado. Foi ela que gritou logo ao perceber meus sinais vitais.

À minha esquerda, outra menina. Esta não tão desconhecida. Morena, cabelos negros e, naquele momento, estava séria, ainda sem compreender o que havia ocorrido. Comecei a reconhecê-la. Era a mesma que encontrara na chegada ao Campus.

Ao cruzar a rua em busca de informações sobre a sala e turma.

Nos cumprimentamos e seguimos em direções opostas. Encontrei um dos seguranças que me sinalizou a lista com as informações de turma, sala e nomes dos integrantes.

Estava ali, a olhar a lista, e percebi a sua chegada. Verificou que estava na mesma turma que eu. - Eu me chamo Letícia, estou na turma C. E tu, estás nessa também? - perguntou.

- Que legal! Eu me chamo Milene. Sim, tô nessa turma.

Seguimos juntas em busca da experiência do primeiro dia no tão sonhado Colégio Técnico Industrial Professor Mário Alquati – CTI, um dos colégios mais requisitados. Na época pertencia à Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

Lembro bem da ansiedade daquele primeiro dia de aula.

Ao acordar, sentia a respiração pulsar em meu peito, hora acelerada outra não. Era o dia do primeiro dia em um novo Colégio, uma grande mudança de uma primeira conquista.

Ao final da manhã, a ansiedade não me deixara almoçar. Minha mãe, cumprindo o papel de todas as mães, logo trouxe a solução: - Bebe um copo de suco de laranja (natural) e come alguma coisa, uma fruta, um sanduiche. Assim almocei aquele breve lanche. Estava quase pronta para estrear no Ensino Médio.

Parti a me vestir. Cabelos curtos alinhados. Boina em jeans encaixada perfeitamente na cabeça. Calça colegial em cor preta e uma camiseta branca também colegial. Pronto! Estou pronta!

Ganhara a boina após uma queimadura de segundo grau em meu rosto, aos 14 anos de idade. Era de costume, minha vó e eu, fazermos massinhas para fritar. Em uma das vezes, me ofereci para fritar sozinha.

Para saber o momento certo de por a massa no óleo, coloquei na panela um palito de fósforo. Acabei me distraindo olhando televisão. Foi quando, pensei que o palito já havia estourado. Me aproximei da panela com cuidado. Peguei um garfo e levantei devagar o palito. Meu rosto estava próximo a panela. O palito, ainda encostado no óleo, estorou jogando respingos de óleo quente em meu rosto. Gritei! No final das contas, foi correria e hospital. Passei em torno de dois meses em casa. Com sulfato de prata – sulfadiazina - no rosto, longe do Colégio e amigos.

O médico recomendara não pegar sol. Após um mês, usar creme hidratante e muito protetor solar. Aliás, sempre. Além de chapéu para proteger o rosto.

Naquela tarde fazia um calor extraordinário. Tempo seco, de um pleno verão gaúcho. Período ainda de intenso veraneiro no Balneário Cassino. Muitas famílias adiavam a vinda ao centro da cidade pela maravilhosa sensação de férias. Mas, claro, nem mesmo o clima do Cassino tirava o prazer de viver o sonho que se iniciava - naquele ano de 2005.

Durante o intervalo, caminhamos eu e a nova colega, Letícia, até a frente do Campus. Ali conversamos um pouco. Fomos descobrindo vontades, desejos, curiosidades uma da outra. Sentia sede, mas, estava na hora de retornar para sala de aula.

Além disso, não teria coragem de atravessar aquela grande quantidade de pessoas para chegar até o bebedouro.

Caminhamos depressa.

A dor de cabeça sedia. Tentando me levantar do chão, avistei a professora entrar na sala se desculpando por não ter localizado a enfermaria. Estava apavorada. Era também seu primeiro dia lecionando no Colégio Técnico. Não conhecia o Campus.

Lentamente e com certa ajuda, levantei-me sem entender como fui parar naquela posição. A última lembrança era de estar em casa acompanhada da minha avó e não estar numa sala de aula deitada ao chão. Caminhei com certa dificuldade.

Amparada pelas pessoas, olhei para direita, localizei meu assento. Lá estavam meus materiais, cadernos cheios de anotações. A aula era de matemática. Olhei para frente, quadro cheio de conteúdo. Me acomodei com cuidado. Um pouco tonta percebi que ainda sentia sede.

Faltava pouco pra terminar o turno da tarde. Com a ajuda de colegas, fui para o corredor do prédio. Dois veteranos se voluntariam para me acompanhar até a enfermaria. Atenciosa, a professora confiou à eles a missão.

Ao chegar em casa, ainda entorpecida pela adrenalina do primeiro dia, sem compreender ao certo o que se passara naquela tarde, fiquei imaginando se não fora a timidez que me causara todo aquele transtorno. A muita ansiedade, o medo do novo, o desconhecido. Comecei a rever tudo em meus pensamentos. De novo aquela timidez que embaraça, tonteia, faz faltar o ar, que paralisa e faz com que se sinta vergonha por ter vergonha. Era uma timidez excessiva com a qual eu não suportava mais conviver.

No segundo dia, ao vestir a boina senti-a preparada como escudo para me proteger da timidez. Atravessei o Campus sozinha e, de longe, ouvi um colega junto aos veteranos exclamar: - Aquela é a guria que desmaiou no primeiro dia de aula! Risadas. Constrangida, ignorei. Olhei para frente e segui rumo a sala.

Havia me esforçado por dois anos para realizar o teste seletivo do CTI. Iniciara os estudos exaustivamente enquanto ainda frequentava a Sétima Série. Sem cursinhos preparatórios, como era de costume entre os interessados. Não teria dinheiro para isso!

Nessa época enfrentamos várias greves do Estado. Por essa razão, minha turma não estava em dia com os conteúdos do ano. Isso refletiu nos anos seguintes. “Oitava série ainda com currículo da quinta série!”– afirmava o Professor de matemática. Não trabalharia com a turma aquelas dúvidas sublinhadas que eu trazia de casa para questionar após o término da aula.

Cansado das minhas indagações, o Professor Giovani, tratou de arrumar uma solução provisória. Recomendou a Biblioteca Pública para que buscasse livros a serem consultados e, também, me inscreveu nas aulas preparatórias para a Olímpiada Brasileira de Matemática. Estas aulas eram lecionadas gratuitamente por estudantes da FURG – Universidade Federal do Rio Grande, aos sábados pela manhã. Obviamente, não fui classificada na Olimpíada, mas essas aulas garantiram minha aprovação no CTI.

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Com o passar dos anos, lembro das boas amizades que o Ensino Médio me proporcionou. Amizades que duram até hoje.

Quem sabe, para sempre!

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No corredor, olhei para traz e ele, de bicicleta, ainda estava lá. Continuava a olhar para mim.

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Éramos as três mosqueteiras. Também as meninas Super Poderosas (Docinho, Lindinha e Florzinha). Nessa ordem: minha prima, Darlise, eu e a sua amiga, Adriana. Estávamos em plena pré-adolescência, aos 13 anos de idade.

Empolgadas para ingressar na Banda Marcial Lemos Junior. Darlise era magra, muito magra. Cabelos curtos e volumosos.

Falava mais de mil palavras por dia - pelo menos assim parecia. Era a palhaça do grupo! Pulava, era uma gasguita, abraçava - forte demais - soltava gargalhadas e, às vezes, nos metia em encrencas. Sempre nos divertia.

Adriana, também magra. Cabelos cacheados, sempre presos. Um pouco mais alta que nós duas. Também um pouco tímida.

Era a apaixonada. Sempre sorridente, falava baixinho. Adorava uma conversa.

Entre nós já definíamos o que faríamos quando chegássemos lá, na Banda:

- Vou ir pra flauta! Sei lá, né, também! Primeiro terei que aprender. Dizia eu, sonhando em ser flautista.

Atropelando, falou a prima, Darlise:

- Ah, eu quero fazer parte do corpo coreográfico. Já até me imagino fazendo aquelas danças. Se não der, daí vou tocar prato. E tu, Adriana?

- Quero tocar lira! Respondeu Adriana, animada e cheia de expectativas.

E assim partimos entusiasmadas rumo à Escola Estadual Lemos Jr, num sábado, à tarde, para nos inscrever. Chegando lá, o desencontro com as expectativas. Havia vaga apenas para porta bandeira e porta Standart. Fiquei com a última e as meninas com a primeira.

De qualquer modo, continuávamos animadas por agora fazer parte da Banda e pela possibilidade de conhecer novas pessoas.

Em uma das idas ao ensaio, Adriana estivera acompanhada do seu irmão dois anos mais velho, o Adriano. Nós, as três, estávamos em plena sétima série, aos 13 anos de idade, mesmo ano em que comecei a planejar os meus estudos para ingressar no CTI. Estava sob impacto, logo após ver uma propaganda na televisão sobre o Colégio Técnico.

Durante o caminho, conversamos. Minha prima e eu, curiosas sobre o menino. Darlise logo indagou: - Quantos anos tu tens?

Adriano, que estava de Bicicleta, tutibiou ao falar. Confundira a idade. -Tenho 14, pera, não. Tenho 15, fiz ontem. Estava de aniver.

- Parabéns, disse eu.

Ao passar alguns dias, Adriana comentou que seu irmão havia “gostado de mim”. Meu rosto esquentou ao ouvir aquela confissão. Fiquei levemente corada. Respirei fundo e nada falei ou pouco me expressei sobre.

Temia supor ou expor qualquer intenção ou sentimento que fizesse com que as meninas planejassem algo para o qual não estava preparada.

Certo dia, o olhar dele parou no meu. Segui calada, sem entender sobre o que sentia naquele momento. Já vivia meus primeiros sentimentos de liberdade. Uma experiência até então inusitada: fazer parte de uma Banda junto das minhas amigas. Aquele olhar me deixou confusa.

Dois anos se passaram.

Nos aproximávamos do Ensino Médio. Ainda pouco antes, estávamos, eu e a Adriana, tocando lira e a prima, Darlise, talentosamente, nos pratos.

Com a carga horária e currículo mais pesado do Ensino Médio, tivemos que desintegrar a banda. Assim nos despedimos.

Nova jornada, cada uma em um Colégio diferente. Eu no CTI, Adriana na Escola Municipal Bibiano de Almeida e a Darlise na Escola Estadual Juvenal Muller.

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Para minha surpresa, nos primeiros dias no CTI encontrei o Adriano em um dos intervalos. Primeira vez que se dirigiu a mim, sem interferências, sem timidez notória. Disse: - Oi, guria! Que tri te encontrar aqui. Quê fazes?

- Oi, Adriano! Pois é. Bom te ver, também! Estou no Ensino Médio. Agora o Técnico está separado. E tu?

- Estou cursando o Técnico de Geomática.

- Que bacana! Completei.

- Nos vemos por aí, então. Finalizou ele.

Adriano era tímido também, mas não tanto quanto eu. Era magro, tinha cabelos pretos e curtos. Quase encaracolados. Altura em torno de 1,80m. Rosto branco, tom sério, porém sempre simpático. Seu sorriso vinha dos olhos. Era assim que eu o percebia nas poucas vezes que lhe encontrara.

E assim passavam-se os dias. Por vezes, meu olhar perdia-se pelo Campus em busca do encontro oportuno. Mas nada de Adriano. Por vezes, havia grupos de veteranos pela Cantina e lá o meu olhar se refugiava, em vão.

Ainda no primeiro mês de aulas no Colégio Técnico, a Professora de Literatura passou nas turmas divulgando uma lista para inscrição no curso de Teatro. Explanou, apaixonadamente, sobre os benefícios que a arte da interpretação poderia nos trazer: - As aulas de teatro ajudarão vocês a se desinibirem, terão melhora na socialização. Serão melhores leitores. Além da criatividade e dicção, poderão, talvez, ter melhor desempenho nas avaliações.

Ao ouvir, por hora parei, pensei na oportunidade que seria fingir quem não sou. Fingir não ser tímida, ou fingir ser corajosa o suficiente para esconder minha timidez. Ainda tinham aqueles que não a tinham descoberto. Resolvido, levantei a mão. Peguei a folha e assinei.

Ao recolher as inscrições, a Professora informou o dia para a seleção. Seriam em duas etapas. A primeira, uma entrevista na qual só metade dos inscritos se classificariam para a segunda etapa. A última traria uma prova prática no teatro, em data a ser divulgada. Ao ouvir isso, gelei. Não vou passar! - pensei.

Ainda assim, fui para a entrevista. Lá estava eu em meio a mais uns tantos inscritos. Passamos por uma banca para as entrevistas individuais. Questões de literatura, autores e, melhor, minhas histórias preferidas. Resultado, passei para segunda fase.

Era noite, próximo ao anfiteatro, já havia um grande número de estudantes entre novos e veteranos. Estes ali estavam para zoar, paquerar e conhecer os “bichos do CTI” ou melhor, as “meninas bicho”.

Tive que enfrentar aquele ritual. Entrei no saguão. Um dos veteranos me fitou e, sem que eu esperasse, lançou a mão na minha boina, deixando-me sem o meu fiel escudeiro. Olhei para trás, mas não tive reação. Não me veio um gesto ou palavra.

Segui rumo à portaria para informações sobre a seleção.

Enquanto aguardava, observava de longe o rapaz que estava entre grupos de meninas e meninos a se exibir com minha boina em sua cabeça. Por vezes me olhava e, eu, logo desviava. Não dei atenção. Havia um teste a fazer. A porta do teatro abriu. A Professora tinha em mãos alguns textos a serem distribuídos. Ordenou que nos organizássemos em duplas para a apresentação que iniciaria dali 20 minutos.

Os textos estavam numerados em ordem de apresentação. Peguei o número 21: “Marylou”, de Ultraje a Rigor. Tinha na letra da música a frase “Um dia fiquei com fome e papei a Sara Lee”. Ao ler, indaguei a mim, como vou criar um personagem com essa letra?

Enquanto lia o texto, logo uma colega se aproximou propondo ser minha dupla. Com isso, nos organizamos em um parágrafo para cada uma decorar. A colega, também, sugeria algumas acrobacias para a apresentação. Acolhi tudo!

Minutos antes de entrar na sala, o rapaz se aproximou, sem graça pelo meu desinteresse e devolveu a boina sem nada falar. Sem ao menos se desculpar. Em tempo, o meu fiél escudeiro retornara para me salvar das intempéries de uma primeira vez em cena.

Chamaram o número 21! Nos apresentamos e tudo certo! Estávamos, minha dupla e eu, aprovadas! Pela primeira vez esqueci de ter vergonha! Pela primeira vez, não fui aquela menina tímida. Talvez por ter simulado não ser eu ao decorar aquelas palavras e fazer aquelas coreografias sugeridas. Havia um personagem ganhando vida através das minhas falas e ações! Ali, não fui tímida. Não naquele instante. Claro, o teste não impediu que a timidez se fizesse presente em todos os demais dias.

Naquele ano as expectativas sobre muitas questões eram grandes. Uma delas era conseguir me aproximar do Adriano.

Sabia que poderia encontrá-lo por lá. Pensava que em alguma oportunidade poderíamos nos aproximar, ser amigos. Quem sabe até mesmo vir a namorar ou ficar, como se dizia na época.

Certo dia, com o meu já consolidado grupo de amigas, avistei o Adriano. No Laboratório de Informática, logo me cumprimentou. Trocamos o número de celular. As meninas ficaram curiosas sobre ele. Falei que era irmão de uma colega do Ensino Fundamental, que conhecera aos 13 anos.

Uma delas ficou mais interessada. Foi quando, sem pensar, ofereci ajuda: - Posso conversar com ele. Queres? Passo teu contato.

- Claro!!! Quero sim!

Seguimos para a aula.

Naquele momento, não percebi que ao não falar sobre os meus sentimentos ou expectativas estava a abrir brecha para o acaso. Além disso, deixara entender para as amigas que não tinha interesse. Quando, na verdade, tinha.

A vida seguia. As meninas estavam entusiasmadas para a grande festa na cidade. Centenário da Escola Estadual Lemos Junior, na antiga Estação Ferroviária. Todas menores de idade partiram pra pedir permissão a seus responsáveis. Fiz o mesmo e, logo ouvi: - Claro que não, Milene! Fostes pra esse Colégio para estudar!

Nada de festa!

Como consolação, o sábado acabou entre as páginas de um livro de física!!!

O Professor Valter, curiosamente sempre chegava em uma lambreta – pelo menos me parecia ser uma – Cabelos ondulados e fixados por gel. Era colecionador de carros antigos e tinha a tradição de desfilar seus carros em datas específicas na cidade. Em um dos seus atendimentos, folheou meu livro para verificar em que condições estava. Antes de abri-lo fez uma observação: - Se o livro está novo é porque não está sendo utilizado. Olhou com atenção. Nada a observar! Meu livro já se encontrava desgastado.

Pouco tempo antes, havia enviado mensagem ao Adriano. Informei que uma das amigas estava interessada nele e iria na festa do Centenário. Nesse momento, Adriano pensara: - Pô, cara! Não acredito! Ela tá fazendo ponte pra uma amiga dela.

Não quer nada comigo mesmo.

Na festa, Adriano - ao avistar a menina da mensagem - apontara para seu primo, Yuri:

- Olha! A guria ali... é aquela que te falei.

- Pera aí! Vou lá chamar ela lá pra falar contigo.

- Não cara, vai nada.

- Tchê! Fica aí, relaxa.

Vencido pela insistência, Adriano falou: - Então, tá! Faz o “tempo” que tu achar melhor.

Quando percebeu, ela já estava em suas costas. Nesse momento, paralisou, sem reação. Ela conduziu a situação.

Passada a festa, chegaram as curiosidades na segunda-feira. A principal notícia era a de que uma das amigas havia sido beijada. Para minha surpresa, pelo Adriano!

Fim do começo.

Às vezes, as coisas terminam antes mesmo de começar. E, assim, foi a nossa história. Naquele momento, a amiga comentou que havia sido só coisa de festa. Mesmo assim, jamais arriscaria perder uma amizade por um possível namoro. Não acho que deveria e mereceria uma competição. Soaria como uma traição entre amigas.

Em choque pelo que eu havia oportunizado, parti esquecer. Não lembrar das expectativas que tinha. Mergulhei fundo nos estudos.

Enquanto isso, caia a ficha do Adriano. Entre seu grupo de amigos, falou: - Ratiei, pessoal! Fiquei com a guria que é amiga da menina que eu gosto. Não imaginei que ela daria a mínima pra mim. Tampouco que eram amigas de verdade.

E o final do ano foi se aproximando.

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No ano seguinte, completei 16 anos. Verão das férias escolares. O menino que roubara minha boina conseguiu, finalmente, conquistar minha atenção. No primeiro ano no CTI, era um dos veteranos que me cumprimentava toda vez em que meu olhar se refugiava na Cantina, ao procurar pelo Adriano. Talvez, pensasse que estava a procurar por ele.

Foi ele, então, o meu primeiro namorado. Pelo menos por um mês durante o Ensino Médio. Depois, por três anos entre idas, voltas e vindas. Um relacionamento de muitos descaminhos que vale uma crônica a parte.

Infelizmente, não houve desmaios, dores de cabeça, mudanças de cenário e nem Adriano. Pena! A vida estava, novamente, ganhando rumos impensados.

Autora

Texto autobiográfico de: Milene dos Santos de Bon

Revisão: Jailson de Almeida

Texto escrito na quinta-feira, 23 de Junho de 2022.

Milene de Bon
Enviado por Milene de Bon em 27/06/2023
Reeditado em 27/06/2023
Código do texto: T7823573
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