Ontem nos deu vontade de ver Jesus, mas não foi possível
Ontem a bebê estava a fim de dar uma banda pela cidade. É esquentar e a mini-guria já quer esticar as pernas pelas ruas.
Primeira parada, agropecuária, para ver as "pombas" e os peixinhos no aquário. Vai na frente, caminhando rápido, excitada com o passeio. "Dá a mão, cuidado pra não cair". Entretanto, ela balança, mas não cai. Saímos e lá vamos nós para a pracinha, uma caminhada demasiado longa para pernas tão curtas, mas a bebê não se mixa. Vai na frente, falando o que vê. Avião no céu. Tchau avião. Cachorro. Tchau cachorro. Cavalo? - Cadê o cavalo que sempre está ali? -. Lua no céu! Tchau Lua. Jesus - é a cruz da igreja que enxerga, no alto, lá na outra quadra.
Chegamos na pracinha. Gangorra, balanço. Agita e sorri, feliz. Dali uns minutos, acoca-se e fica séria. Pose clássica de... A bebê tá fazendo cocô? Olha séria e, uns segundos depois, mente seca descaradamente: Não. Como não? Não. Vai para os brinquedos e me olha e sorri, sedutora. Só 21 meses e já querendo me enganar, a danada. Claro, não quer de forma alguma ir pra casa trocar as fraldas, coisa que detesta. Tenta fugir, em vão. Ainda possuo muito vigor, eh eh eh eh. Colo! - pede, vencida e resignada. Lá vou com 14 quilos à tiracolo. Jesus - aponta. Sim, Jesus. Quer ir ver? Qué. Então trocamos as fraldas e vamos de bicicleta ver Jesus, tá? Tá.
Fralda trocada e voltamos ao passeio. Adora o seu banquinho da bicicleta, se esparrama nele e olha tudo a sua volta. Não é que o portão do patio da igreja está aberto? De repente vai dar pra ver Jesus! Mas não tem porta da igreja aberta, apenas alguém trabalhando no salão paroquial. Rua - pede. Não foi possível ver Jesus. As igrejas ficam fechadas, não tem pessoal para mantê-las abertas. Por outro lado, tiveram de fazer uma cerca para proteger os belos vitrais dos atiradores de pedra. Pena, pois a bebê ia adorar, perguntar um monte de coisas e falar um monte de coisas ao ver Jesus.
Caía a tarde, bastante sombra, dá para vaguear pelo centro, aproveitando o calor imprevisto do inverno, 30º. Uma meia hora e avisto sua avó numa calçada. Paro ao lado. Oi, guriazinha da vovó, passeando? Tchau vovó! - corta. Danada, não quer interrupção do passeio, quer descobrir o mundo que lhe pertence, ver tudo o que há pra ver com seus belos olhinhos verde-azeitonas. A vovó é pra depois, em casa, quando pedirá o seu adorado mingau, sedutora, com beijos e abraços irresistíveis.