FRIAS MANHÃS DO SUL
DAS LEMBRANÇAS DO FACE
26 de junho de 2016 às 10:04 ·
Manhã neblinada de um outono/inverno qualquer na bucólica e poética Malet.
[Malet que inspirou até Cecília Meireles quando de sua passagem por aquela cidade ,nossa vizinha,num trem internacional nos fins dos anos 30, a escrever mais uma de suas crônicas encantadas]
Eis-me aqui,um reles mortal,criando no imaginário o soar destes sinos a dilacerar o silêncio aramado das pastagens,entrando de mansinho nas fendas da estradinha de chão,no calor dos ninhos,no aconchego de casas daquela gente de olhos de céu e cabelos de trigais.
"Nêntcho" tá na hora do santa missa.Levanta já desta cáma!"
Diria alguém que à mim deixou uma saudade que faz bem.
Uma carroça cor de abóbora traria uma bapka cheirando a leite de colonia e naftalina,lençinho branco à cabeça...(Seria a viúva Grudinska,com seus 93 anos plenos de vitalidade?)
Não!
Esta partiu numa manhã gelada do inverno dos anos 80.É hoje mais uma "saudade que faz bem".
E os sinos tocam...
Os fiéis vão-se pouco a pouco aproximando-se do templo.Não mais as carroças, (essa é apenas uma imagem saudosista) modernos automóveis hoje os conduzem.
Porém,todo soar de sino evoca -me um "não sei quê" de uma saudade . Daquelas que a gente sente e não sabe muito bem como explicar.É o que agora experimento, criando no imaginário a magia desta manhã fotografada, com ares tão característicos de nossa região.
Dentro do peito soam os sinos do meu templo interior num claro convite à reflexão,à meditação.
É domingo! Dia do Senhor.
Dia de celebrar a vida !
Dona Vandinha,dona Nena e Cia. já sobem a ladeira de pedras que leva à Paróquia de São João.
O detalhe fica por conta do chale branco de Vandinha e sua peculiar bolsa preta.
Hoje,optei por não fotografá-las.
Apenas as acompanhei do meu portão,até que a primeira esquina as engolisse.
Joel Gomes Teixeira