AMOR E ÓDIO
A prostituta e o fumante de cigarro vão do amor ao ódio numa incrível rapidez. A primeira precisa exalar amor por todos os poros para atrair o cliente. Concluído o serviço, vai precisar odiá-lo absurdamente, caso contrário terá feito amor e não mero sexo em troca do dinheiro, dispensando o pagamento. Já quando quando observo alguém colocando um cigarro na boca, percebo o prazer que isso representa, talvez indo além do que meramente dar vazão ao hábito ou vício, quem sabe até encenando um certo gesto de amor, pelo prazer que aquilo trará. Depois de várias tragadas, ao perceber que o cigarro chegou no talo, joga-o ao chão expressando desprezo embebido de pitadas de ódio. Ambos exemplos percorrem sentimentos opostos em questão de minutos, certamente sem os protagonistas se darem conta disso. Afinal, terão algo melhor a fazer naqueles momentos.