PARANÓIA MINHA?

O frio ainda se faz presente, embora tenha esquentado razoavelmente, ficando intenso de madrugada, ameno durante o dia, voltando a cair no final de tarde e noite. O clima é propício para doenças respiratórias, gripe, resfriado, entre outras. Para onde você olha, com quem você conversa, sempre há alguém doente, gargantas inflamadas, tosse, coriza, espirros. Sou um entre quase todos, estamos no começo de inverno, e pelo visto esse ano ele será mais intenso do que nos anteriores. É isso, ou nossa imunidade está cada vez mais fraca, haja vista o número crescente de doenças que reapareceu nesses últimos anos.

É sexta-feira, estou no meu horário de almoço, sentado no canto de uma mureta do lado de fora da empresa, colegas ao lado, conversas e risadas. Sou apenas um ouvinte, pouco participativo nos assuntos abordados, que vez e outra gira em torno de mulheres, bebidas e farras. O movimento é grande nesse momento, todas as terceirizadas saem quase no mesmo horário. Depois do almoço, os funcionários se reúnem em grupos nesse espaço onde estou, cada qual com o seu bando, buscando aproveitar o restinho de tempo em conversas e tirando sarro uns dos outros, num clima muito descontraído. Os funcionários próprios também estão no fluxo de transeuntes, porém, diferente de nós, empreiteiros, é raro aqueles que param para conversar ou descansar, eles seguem caminho rumo a portaria da fábrica.

Por esses dias alguém me perguntou se eu estava feliz com o meu novo emprego, minha nova situação e tal... Fiquei em silêncio por alguns segundos, sem saber exatamente 'como responder', não é pela falta de resposta em si, mas, em 'como explicar'. Deveria ser uma resposta simples, "sim ou não", porém, para mim não é assim tão fácil. A minha resposta depende do ponto de vista da situação, do ângulo analisado. Repito, deveria ser uma resposta básica, direita, concisa. Perdoe-me os amigos leitores, certas coisas simplesmente não funcionam para mim, desculpem, é o meu jeito de ser, confesso que eu não gosto de ser como sou.

Olhando somente da perspectiva do trabalho, estou muitíssimo feliz. Afinal, estou aprendendo um ofício novo, mesmo com a minha idade e meus problemas de saúde consigo executar todas as tarefas que me pedem sem prejuízos à saúde. Retornei a trabalhar na fábrica, algo que eu queira muito, segunda a sexta, horário administrativo, o salário não é ruim, não tenho do que reclamar. O pessoal é super tranquilo de trabalhar. Olhando por esse prisma é tranquilo. Porém, eu tenho que colocar essa situação em paralelo com outra da minha vida, é justamente aí o meu desajuste e desequilíbrio, onde se origina parte da minha frustração, já explico.

Esse meu trabalho é na cidade vizinha a que tenho residência, 35 quilômetros de distância, para facilitar a minha vida, estou ficando a semana na casa da minha mãe ( que fica na cidade da empresa), no término do expediente da sexta vou para a minha casa, esposa e filha. Fico a semana longe delas e no final de semana as vejo. Até aí tudo bem, porém, de uns tempos para cá, a minha esposa faz objeções que eu venha todo fim de semana, reclamou bastante, dos gastos, isso e aquilo, por ela eu ficaria o mês todo na casa da minha mãe vindo em casa uma vez a cada trinta dias, para ela essa distância é super de boa. Ela parece não demonstrar saudades de mim, não manda mensagem, responde apenas quando eu mando, e é isso que me angustia por demais. "É o jeito dela de ser", ela responde. Me disseram, pessoas da família, que a minha angústia e frustração é pura paranóia da minha cabeça... Agora eu pergunto: Será mesmo? Ou estou pirando de vez? Agora já não sei mais o que pensar.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 25/06/2023
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