Com peninha de mim.
Lembro de um fato que me serviu de grande ensinamento.
Encontrava-me em desolação total, desconforto e tristeza, sentindo-me um ser único em dor e sofrimento. Revivia com detalhes o que estava passando, o que sentia, e repetia e repetia querendo que as pessoas ouvissem ou me abraçassem. Não sei bem ao certo o que queria, mas sei que me sentia a pessoa com a maior dor no mundo e que por ser essa dor tão tamanha, tinha que parar todos e esses todos deveriam voltar-se a mim, compartilhando unicamente do meu sofrer. Mas isso não acontecia, pois o relógio continuava a girar em sua rota normal, e o todos do mundo, tinham que prosseguir, tinham que continuar sua trajetória do cotidiano que é repleto de obrigações e compromissos.
Lembro bem de minha irmã, costumo chamá-la de “mana mãe”, pois ela sempre teve por mim, aliás, por toda a família o coração de mãezona, pois bem, essa mãezona irmã chegava perto de mim e dizia logo no início de minha lamúrias: Minha irmã, já passou, dói hoje, mas amanhã não há de doer, e não há mal que Deus não cure.
Meu Deus! Como ficava magoada, sem entender como ela era tão fria e sem compaixão quanto a minha dor. Era tão fácil dizer que um dia passaria, mas o que ela poderia entender, afinal, quem sofria era eu, só eu, eu e mais eu.
Com o decorrer do tempo fui percebendo o que essa maravilhosa irmã queria, com seu jeitinho carinhoso e amável: ela mostrava o quanto a lamentação era desnecessária e cansativa, chegando a ser um ponto de atraso, uma forma de parar no tempo.
O lamentar da dor é tão ruim para quem fala como também para quem ouve. Afinal, quem não sofre? Quem não tem problemas, dor, solidão, perdas ou males irreversíveis?
Auto piedade, esse era o meu sentimento, condoía-me de meu sofrer e queria receber a piedade de todos.
Como reagir se ficamos só a lamentar? Como prosseguir se estamos estagnados sentindo compaixão do nosso sofrer? Quando caminhar, se não podemos sair do lugar, e repetitivos em nosso falar vamos cansando as pessoas que nos amam?
A priori sentia as palavras de minha irmã como frieza ou indiferença com tudo que eu estava sofrendo, mas aprendi que da nossa dor, temos uma só saída: prosseguir.
Podemos parar um momento para chorar, cair, reclamar, gritar, mas será somente para aliviar um pouco o fardo, pois o levantar, o continuar, é uma decisão exclusivamente e única de cada pessoa.
Quem gosta de ouvir lamentações intermináveis? Quem nesse universo planetário coberto de tantas mazelas quer ouvir mais e mais reclamações, seja ela qual for? Quem?
A receita do pudim que não cresceu na forma? A receita do bolo que solou? Não queremos ouvir mais mazelas, não queremos ouvir reclamações.
Há quem evite ler o jornal, ou assistir ao noticiário, pois as notícias não são agradáveis, até por muitas vezes aterrorizam, preferem então assistir as novelas que trazem a ilusão, a imagem do final feliz, o tradicional: E FORAM FELIZES PARA SEMPRE.
Estás triste, estou também. Sentes dor, sentimos. Mas há um bálsamo único, que nos alivia e nos proporciona a esperança e a paz. Qual? A palavra de Deus.
Ao lermos a Bíblia, consequentemente sentimos um alívio do nosso fardo e a força que nos capacitará para reagirmos.
Deixemos que as lamúrias sigam por ralo abaixo. Davi em sua sabedoria nos diz: “O nosso socorro está em nome do Senhor, criador do céu e da terra” Salmos 124:8. É claro que o meu, o nosso socorro está em Deus. Por que não o buscar? Porque perder-se em reclamações, em prantos repetidos e cansativos?
Hoje em comunhão diária com Deus peço que as minhas palavras sejam de atitude positiva, animadora e esperançosa.
Helen Keller escreveu: “Tome a decisão de permanecer feliz, e você e sua alegria formarão um exército invencível contra as dificuldades."
Decidi permanecer feliz, pois sei que é assim que Deus me quer, com um sorriso em meu rosto, com a esperança em meu viver.