OCASO DO POETA (crônica)
OCASO DO POETA
(crônica)
Partirei sem descasos ao ocaso da eternidade tendo as alegrias das minhas metas cumpridas. A morte, é o sinal das metas cumpridas e os finais dos caminhos preciosos; duramente percorridos.
Mas ousarei, se vier a saber da minha hora derradeira, implorar a ti, meu Criador, os cumprimentos dos meus últimos desejos.
Se decidires me levar de manhã, meu Deus, faças depois da alvorada;
Depois do orvalho secar-se nas pétalas das rosas;
Após o Sol aquecer o meu corpo com os seus raios;
Depois dos meus beijos pelos bons-dias dos entes amados e amigos;
Após a última edição das letras e frases dos meus versos derradeiros.
Se pretenderes levar-me à tarde o faças depois das minhas caminhadas pelas ruas estreitas da minha Jundiaí;
Após saborear as lembranças guardadas nas antigas pegadas que deixei pelos jardins ou coretos fantasmas, pelos cinemas fechados ou depois de encontros fortuitos com quem fui criança.
Deixes, meu Senhor, para depois da hora exata do pôr do sol da minha terra, os mais lindos dos que já presenciei.
Mas, se for no anoitecer, não lhe peço muito, meu Deus!!
Que seja além do meu repouso à varanda;
No fim do balanço na rede preguiçosa diante do jardim perfumado pelas rosas e flores-de-laranjeiras. São adoráveis os perfumes que emanam após a última revoada dos pássaros aos ninhos;
Quando a ti balbuciar do quanto fui feliz por ter tido de Vós todas as bençãos.
Por me levares, meu Amado, na manhã de linda alvorada ou na tarde com o mais belo pôr do sol da minha terra natal; mesmo que seja à noite salpicadas das estrelas a me indicarem o caminho: Acrescento ao meu pedido que o faças, também, no exato momento do meu sorriso repleto de muita paz pelas lições dos meus erros e acertos.