MALDITA ÁGUA EM VOLTA
Os segundos pareciam horas intermináveis. O espaço minúsculo ficava cada vez mais apertado. O suor escorria e se confundia com aquela água toda em volta. Era preciso manter a calma, apesar do desespero sacudir a alma. O pouco ar que persistia já delineava que iria embora de vez. A vida passava na cabeça num filme acelerado, pontuando momentos que ficaram cravados na mente. Dava vontade de chorar, de matar, de morrer, de sei-lá-o-que. O fim já ficava tangível e assustadoramente latejava, como latejava. Será mesmo?... Será que Deus existe? Pensamentos turvavam, o medo era do tamanho daquela maldita água em volta, uma água insensível, macabra, fatal. O que será de nós? Será que iriam nos achar e nos tirar desse inferno?... Talvez não passasse de mero pesadelo, acordaríamos aliviados numa cama quentinha, com o coração galopando a mil. Então tudo ruiu, acabou a angústia, veio a paz. Paz abençoada, finalmente.