BOBO APAIXONADO
Recentemente, precisei fazer uma limpeza no meu g-mail, por que o espaço do mesmo estava muito cheio e eu não conseguia mais mandar nem receber e-mails.
Tinha muito lixo, principalmente e-mails contendo propaganda ou supostas vagas de emprego: certa vez caí no golpe da vaga de emprego, onde a dita “empresa” dizia que eu teria uma vaga de emprego desde que fizesse um curso online no valor de cinquenta reais. Fiz o curso, morri com cinquenta pilas e nunca mais tive notícias.
Mas o que mais encontrei revisando e excluindo e-mails antigos foi os que troquei com uma ex-namorada. O que me levou a uma conclusão aleatória: como a gente fica bobo quando está apaixonado! Dizem que o homem nasce, cresce, fica bobo e casa. Mas nem sempre é preciso casar para cometer asneiras em nome daquele que, dizem os apaixonados, é o mais nobre dos sentimentos.
Hoje, relendo tudo, vi que me comportei como um adolescente: DRs, crises de ciúme, brigas via e-mail... Encontrei de tudo menos lucidez. E não que a pessoa do outro lado fosse muito lúcida: já mencionei por aqui que só me interesso por mulheres tão ou mais complicadas do que eu.•.
A limpeza dos e-mails não foi sem dor, é claro, pois houve um momento que eu e ela acreditamos que daria certo.
Um escritor com quem me correspondi na adolescência disse certa vez que se minhas paixões fossem bolinhas de vidro, dariam para enfeitar uma árvore de Natal de mais de cinco metros de altura. Creio que ele estava correto, pois não foram poucas as vezes que me apaixonei nesta vida. De todas essas paixões, correspondidas ou não, só cheguei a namorar três. E não estou com nenhuma delas, por força das circunstancias – ou seriam os gênios ruins que não se acasalaram como deveria ser?
Isso não quer dizer que me decepcionei tanto com o amor a ponto de abominá-lo. Tenho a maior admiração por aqueles casais que se aturam há anos e que continuam juntos, apesar de tudo e apesar deles mesmos.
E não desisti de me apaixonar novamente, apesar de não ser mais tão jovem quanto eu gostaria. Mas o Vinícius de Morais, o Fábio Júnior e o Raul Seixas foram casados uma porção de vezes. Se eu chegar à metade da marca deles antes de pendurar as chuteiras ou encontrar o amor de minha vida (o que vier primeiro), já me dou por satisfeito. Apesar de saber que, em nome do amor, vou cometer as piores asneiras.
Mas quem nunca ficou bobo por estar apaixonado, que atire a primeira pedra!