A bola da vez, no mundo...
Essa narrativa é uma ficção, qualquer semelhança com a nossa realidade, não é apenas uma coincidência...
Numa escola “moderna”, aqui da capital, ocorreu um fato curioso. Havia um aluno que não conseguia tirar boas notas em português desde o nono ano. O que no meu tempo era diferente; falávamos em primário e colégio, pois, cursávamos três anos depois do primário que era até o quinto ano, para ir para o segundo grau. Uma vez concluídos estes oito anos, nos formávamos no chamado colegial ou científico, e assim estávamos prontos para tentar ingressar na faculdade. Enfim, tudo mudou - é a evolução, mas voltando ao aluno mencionado, ele não ia bem, principalmente em redação. Como sua professora, uma das melhores do corpo docente, não admitia que seu trabalho não obtivesse bons resultados, passou observava-lo de perto. Resolveu investir um pouco mais nele. Ela não entendia o porquê da sua dificuldade: ele tinha um perfil tão extrovertido, era conversador, e muito comunicativo, chegando em algumas vezes a atrapalhar a aula. Enfim, podia se concluir que ele tinha grande potencial – era só uma questão de uma boa orientação, ela pensou. Assim, resolveu passar a estimulá-lo a ler, como fazia com todos, mas com um toque especial e personalizado. Um dia, depois da aula, pediu para ele permanecer em classe e teve uma conversa séria com ele, e lhe indicou alguns livros.
Em menos de três meses ela ficou espantada com a melhora, ele começou a ser um exemplo na matéria – suas novas redações eram primorosas, com textos bem estruturados - contendo introdução, argumentação, desenvolvimento e conclusão de maneira impecável. Suas notas de negativas passaram a ser em torno de oito, com apenas alguns erros ortográficos.
Ficou intrigada. Ela, confiava no seu método de ensino, mas essa melhora repentina, quase da noite para o dia, não era normal, algo estava estranho – ninguém muda ou aprende tão rápido!
Em gramática e ortografia, ele continuava com notas baixas, mas em redação, que geralmente ela pedia para a classe para fazer em casa, passara a ser excelente, com notas sempre em torno de oito.
Será que alguém faz a redação para ele em casa? Perguntou-se. Para tirar a dúvida ela resolveu que na semana seguinte daria uma prova para ser feita em classe – uma redação a ser escrita na sua presença.
Aí, foi uma grande decepção! Ele foi muito mal. Estava provado, sua desconfiança procedia, alguém fazia a redação para ele em casa. Era a única explicação plausível.
Resolveu chamar os pais para conversar, e saber quem da família estava fazendo sua a lição de casa para ele.
E a resposta foi; ninguém!
Fizeram uma segunda reunião com os pais, com a presença do aluno - pressionado ele confessou:
“Eu e alguns colegas da classe, usamos o Chatgpt... Vocês não conhecem? É a bola da vez no mundo...”
A professora e os pais se entreolharam, e se perguntaram. O que podemos fazer?! Na nossa época era a enciclopédia Barsa para todos os tipos de estudos, depois veio o Google revolucionando e agilizando as pesquisas, e agora nesta nova era, é o tempo de nossos filhos e netos, e com eles a chegada dos robôs inteligentes! Novos tempos - robôs para diversas tarefas, inclusive para escrever uma boa redação, sobre qualquer tema. Nada podemos fazer... É o presente e o futuro que chegam de mãos dadas, sem avisar...