NOSSOS TALENTOS
“[...] um homem que, estando para viajar, chamou seus servos e entregou seus bens para eles. A um entregou cinco talentos; a outro dois; ao terceiro, um; a cada qual segundo sua própria capacidade. [...]. Após sua chegada o senhor fora acertar as contas com os seus servos para saber o que haviam feito com os seus talentos [...]. [...] aquele que havia recebido cinco talentos lhe apresentou outros cinco, dizendo: O Senhor me deu cinco talentos, eu os dupliquei. [...] Muito bem, servo bom e fiel [...]. [...] o que havia recebido dois talentos, disse: O Senhor me deu dois talentos, aqui estão outros dois talentos que lucrei. [...] Muito bem, servo bom e fiel. [...]Aproximou-se o que recebera um talento dizendo: Eu sabia que o senhor é um homem severo, [...]. Fiquei com medo e fui esconder o seu talento na terra. Aqui está o que é seu. O Senhor lhe respondeu: Servo mau e preguiçoso. [...] você devia ter depositado meu dinheiro junto aos banqueiros. Ao voltar eu receberia com juros o que é meu”. (Mt 25, 14 – 27)
Quem são estes servos que receberam seus talentos e cada qual aplicou de acordo com suas capacidades de discernimento. Não seria nós em nossa caminhada, onde utilizamos o nosso livre arbítrio de acordo com nossos interesses? Nossa habilidade de promover o bem ao outro e a nós mesmos?
Todos nós nascemos capazes de enfrentar os nossos medos e receios, porém à medida que crescemos vamos recebendo influências externas que nos envolvem emocionalmente nos levando a criarmos momentos de insegurança. E diante desta realidade ficamos doentes e em algumas situações nos tornamos impotentes e os talentos que recebemos acabamos enterrando nas profundezas de nossa consciência, nos tornando incapazes de reaver o potencial energético que existe em nosso interior, porém, somos atribulados em toda parte, mas não esmagados; estamos em tremenda dificuldade, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não destruídos (2 Cr 4, 8 -9).
Mas por que as pessoas pensam e agem diferentes umas das outras? Devemos considerar que além das influências recebidas do meio em que vivemos, carregamos conosco as crenças que herdamos de nossos ancestrais, tais com os nossos avós, pais, tios, padrinhos, como também do processo religioso onde estamos inseridos. Talvez não tenhamos um conhecimento mais apurado de como trazemos em nossa formação estas crenças que, em sua maioria chega a definir o rumo de nossa caminhada.
A inteligência (talentos) nos é dada como parâmetro para a nossa evolução, o que contempla discernimento, empatia, troca de conhecimentos para com todos e não nos enclausurar imaginando que o mundo gira ao redor do nosso umbigo. Devemos fazer com que multipliquem as nossas ações em benefício de nós e do outro. Não devemos temer as nossas capacidades. Quantas vezes nos sentimos em uma encruzilhada e ficamos com medo de tomar uma atitude, atitude esta que mudaria o rumo de nossa história? Por outro lado, quantas pessoas durante sua caminhada ousaram e conseguiram os seus propósitos? Deus não deseja que seus filhos se sintam infelizes, impotentes, pelo contrário, Ele deseja que nós façamos bom uso de nossos talentos com ética, moral e empatia.
O medo, a insegurança são os nossos maiores inimigos que caminham de mãos dadas sem nos apercebermos. As vezes este medo, esta insegurança nos causam danos irreparáveis a ponto de não vermos uma luz no final do túnel. O que fazermos para mudarmos esta situação? Quem sabe seria o momento para reavermos aquele algo que esquecemos durante a nossa caminhada, melhor dizendo a nossa FÉ, que talvez pensamos ser inadequada nos dias atuais onde o mundo cibernético é quem dita as normas, os costumes e por aí vai. Deus teria perdido seu espaço em detrimento da evolução tecnológica? Mas se Ele é o nosso criador e o homem criador da tecnologia, há algo de errado? Evidente que não. [...] não perdemos a coragem. Rejeitamos as coisas escondidas que envergonham. Não nos comportamos com artimanhas, nem falsificamos a Palavra de Deus. [...], anunciando a verdade nos encomendamos diante de Deus à consciência de quem quer que seja. [...] Estes não acreditam, porque o deus deste mundo cegou a mente deles, para que não vejam brilhar a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2 Cr 4, 1 – 4).
Vamos usar os nossos talentos da melhor forma, à luz do evangelho minimizando as nossas dores, nosso egoísmo, nossas frustrações, construindo um mundo de paz, mais solidário, igualitário. Que os dogmas canônicos sejam substituídos pelo Deus verdadeiro que reside em nossos corações. A fagulha divina nunca se apague e sim continue a iluminar o nosso caminhar. Namastê.
Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 19/01/23