O PAU DE SEBO
Subindo no pau de sebo um sem número de meninos... - Todos atrevidos. Nem bem chegava no meio, desciam escorregadiços.
Valia cuspir na mão, esfregar-se na areia, subir de chinelos, apoiar-se no colega, tentar um zilhão de vezes... - O pau de sebo era uma sacanagem dos adultos.
Vez por outra, alguém perdia o calção. E todos caiam na gargalhada.
Não era pelo prêmio, mas pelo divertimento. Também não havia constrangimento. O sonho de consumo daquela geração eram as prateleiras das bodegas.
O tronco fincado embaixo, a ponta bem lá no alto. Notas de cinco e de dez mil cruzeiros tremulando a um metro de nós.... Mas como? Impossível! Não lembro de ninguém ter conseguido.
Porém, menino gosta mesmo é de ser menino. Não há outra precisão. Ser menino é tão bom que a gente devia ser apartado quando pequeno... - Um ficava traquino e o outro seguia o destino.
Será que aquele exercício era para nos dizer como a vida seria difícil, mesmo que a lição fosse uma brincadeira de mau gosto?
Não há lembrança mais ingênua que os motivos de criança - Todos nos levam para o céu.