SOLIDÃO.

O que é a solidão e como compreendê-la?

Porque digo isso...

Estamos na metade do ano, hoje é o décimo primeiro dia de uma quinta-feira gelada. O dia anterior foi inteiro de chuva, o que potencializou o frio. Os ventos fortes trazem a sensação térmica ainda menor do que se mostra... Confesso que essa não era a maneira como imaginei iniciar essa crônica, pelo menos não era o título, eu deveria de iniciá-la explorando uma temática alegre e divertida e não fazendo divagações do meu caótico eu interno. Entenda que o sorriso do lado de fora não representa em nada o caos do lado de dentro. Por fora, um palhaço sorridente, internamente, sou apenas tempestades. Acontece que estou sozinho no ponto de ônibus esperando para ir trabalhar e tremendo de frio, péssimo lugar para começar uma crônica, mas, fazer o quê.

A primeira solidão é clássica. Nela o indivíduo se vê na situação não por escolha própria, por gosto seu. Na maioria das vezes esse indivíduo tenta se socializar, fazer amigos, porém, o que ele encontra é desprezo. A solidão aparece justamente nesse momento de angústia profunda da alma que não quer estar só, nada faz mais sentido, a força de vontade é a primeira fugitiva. O indivíduo se isola não por opção sua de um querer íntimo, mas, a circunstância e o momento o joga ladeira abaixo sem lhe dar chances de qualquer reação contrária.

O segundo tipo é representado pela pessoa que tem uma boa comunicação com as outras pessoas, não se isola, está sempre nos meios sociais, mesmo assim, se sente incompleta, solitária entre as pessoas, excluída no meio da multidão. Para ela, ainda que esteja em uma festa, certamente se sentirá sozinha e incompreendida. Casos assim passam despercebidos dos nossos olhos, às vezes, você até conversa com alguém sem imaginar que esse indivíduo é vítima de si próprio, da sua mente, de suas quimeras internas. Esse tipo de solidão é um dos caminhos da depressão, se a pessoa não cuidar psicologicamente, estará em sérios apuros.

A modernidade, o crescimento da tecnologia, tantas coisas e tantos afazeres embutidos no dia a dia podem levar a beira do abismo. Esse tipo de situação está em alta nesse novo tempo, empurrando milhões a desejarem, ao menos conhecer, o terceiro tipo de solidão. Esse tipo é muito comum também, quem nunca na vida desejou estar completamente sozinho... Desejamos sem conhecer, buscamos sem medir as consequências e nem entender, depois de adquirida a tão sonhada solidão, vem o preço. Não saber lidar com algo que você provocou é outra estrada que leva a depressão. Eu digo por experiência, desejei a solidão, quando a consegui, depois de um tempo, eu não sabia mais lidar com ela, foi aí que apareceu a depressão, não é nada fácil se trancar do lado de dentro da cela e jogar a chave fora.

Tal reflexão me faz entender o que um amigo pastor, senhor de idade já, de muita sabedoria, certa vez trouxe uma bela mensagem onde explanou sobre o equilíbrio de todas as coisas da vida em qualquer momento dela. O pouco é tão prejudicial quanto o muito. O ditado popular reza que o veneno está na quantidade. Por isso, pensando sobre a solidão, chego a conclusão que o veneno dela está na dosagem. Se você gosta de estar sozinho, cuidado. Mas, se você tem medo e vive uma vida de intensa correria, cuidado também. A dose certa do que você teme pode ser o seu remédio, assim como, o exagero pode ser o teu fim.

Por isso, a solidão pode sim ser benéfica se dosada na medida que te cabe sem prejuízos. Outra coisa é saber qual é a medida certa. Eu estou vivendo um momento da vida em que todos os tipos de solidões citadas me sobreveio, para mim é questão de vida ou morte acertar a dose dessa vez. Espero estar correto antes de beber dela novamente.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 18/06/2023
Reeditado em 18/06/2023
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