O murchar de uma dama do cabaré
Num silencioso quarto ofuscado pela luz de um abajur em forma de rosas vermelhas esticava seu esqueleto numa colcha de cetim. Foi uma noite madruga repleto de corações carente de amor não verdadeiro. Já estava na fase do declínio muscular, com os anos tinha de cobrir as ondulações causa pelo aparecimento de celulites, e as varizes nas suas pernas sobressaiam maculando o sonho de consumo de muitos homens.
O tempo passou e nem percebeu, cenas fantásticas fizeram adormecer as dores de uma paixão mal resolvida , razão de ter procurado esse local.
As lágrimas escorre na maçã de seu rosto, não importava que esta borra a maquiagem era final de espetáculo, a ferida não cicatrizada é exposta na parede rosada de uma fotografia já amarelada onde diplomada como a rainha do verão. Mais turva fica sua visão quando vê ela jovenzinha ao lado dos pais que orgulhavam de ter uma filha que estudava para um dia dá a eles que nunca tiveram. Arrependida desse da cama, dobra o joelho e faz uma oração monossílabo, prometendo que logo que o sol sair voltará pra onde nunca deveria ter saído....