A casa caiu
Em cima de um terreno brejoso que foi aterrado com grãos de areia praiana, levantou-se um alicerce com poucas sapatas.
Construiu-se uma casa pelas mãos de um pedreiro imperito e seu ajudante de ordem. O material utilizado na obra era não conforme e a sua arquitetura fora contestada por algumas pessoas e aprovada por outras que nas tardes vespertinas passavam a sua frente. Sua duração levara quatro anos durante o período de moradia do próprio pedreiro.
A cada tijolo assentado, a semiótica de alguns era de um grande castelo onde haveria um tesouro guardado e se comeria fleur burguer. Quem mais se movimentava na obra era o ajudante de pedreiro que carregava baldes e baldes pra cima e pra baixo, descendo e subindo por ordem do chefe.
As ordens dadas ao submisso servidor eram entrelinhadas, porém bem interpretadas. Os seus reparos de manutenção da casa eram mal
executados e às vezes o ajudante dava a cara a tapa para enfrentar os desafios de uma fiscalização.
Todas as irregularidades encontradas na casa confirmavam os barulhos das paredes rachadas e o perigo iminente do desabamento de uma das mais pobres construções. O seu telhado de vidro gerava um ruído como se fosse uma sinfonia desafinada pelas cordas avariadas de um violoncelo.
O cão de guarda fora preso nas correntes para que não fugisse para rua. Os seus filhos perderam o controle de gastos da despensa e gulosavam suas iguarias.
Uma parte da clientela do pedreiro não confiava mais nos seus serviços e ficara a procura de um expert em edificação.
Enfim, a casa caiu...