Pontificia Universitas Gregoriana
“Eu daria tudo que eu tivesse para voltar aos tempos de criança”. É por isso que gasto idas e voltas, aos dias de então; daqueles de criança, na escola, cantados, poeticamente, por Ataulfo Alves, embelezados pela “professorinha que me ensinou o bê-á-bá”. Nesse sentido, as escolas são vivos museus, que alongam lembranças, em cada sala de aula, relembrando professoras, professores, e circunstâncias marcantes e queridas. O amor a essas recordações significa o desejo da aprendizagem. Não dispenso rever, nas cidades de Pilar, Itabaiana, João Pessoa, Recife, Roma e Paris, os lugares da minha formação, não importa a profundidade do assunto, do ensino ou dos meus estudos.
Quando vou à Europa, seja à Alemanha, França ou Itália, revivo tais lugares, onde experimentei também esses momentos. E nesses primeiros dias de junho, voltei à Roma da Via Aurélia, 527; especialmente à Piazza della Pilotta, 4, onde, imponentemente, situa-se a vetusta Pontificia Universitas Gregoriana (PUG), sob seus altos tetos, colunas, móveis e portas esculpidas em madeira de lei. Tudo sobre um belíssimo piso de granito e de mármore de carrara. Fui até às salas de aula, onde tinha ouvido, com centenas de colegas auditores, em latim, praelectiones de Filosofia e disciplinas correlatas, ás quais prestávamos exames orais e escritos, também, em latim, et ita porro. Fechei os olhos e rememorei um passado inesquecível de uma instituição que me tinha nos seus corredores e que abrigava, no mundo intelectual, cuidadosamente, 83 nações de diferentes culturas, que, ao falarem tantos outros idiomas, conversavam também em italiano. Com certeza, como o diz o Papa Francisco e reitera o seu Reitor: “Estudar na Gregoriana é uma grande experiência de universalidade”.
Ao abrir os olhos, surpreende-me uma universidade bem diferente; falando diversas línguas, como se fosse a Torre de Babel; colorida em vestes e gentes; aggiornata em todos os sentidos, sobretudo inovando seus espaços com bem distribuídos instrumentos tecnológicos aos seus alunos; ostentando uma aparelhada biblioteca, que fora triplicada, com seu rico histórico acervo, e vitoriosamente atualizada, sem discriminação a qualquer tendência de pensamento. O professorado adredemente escolhido entre os melhores do mundo: cultos, poliglotas, bem preparados e de exímio domínio das suas disciplinas. Desejei voltar à sala de aula... Enfim, isso foi consequência perseguida de muita luta do seu alunado progressista, falando outros idiomas e não mais latim, o que se verifica, também, nos seus impressos e revistas, ao não se chamar só de universitas, mas de Università Gregoriana. Dialoguei com alguns alunos, no espaço de lazer, e eles, de países culturalmente avançados, transpareceram a PUG se considerar uma Havard romana. Comparei o ensino de Lógica com o do meu tempo, quando o catedrático era Franciscus Morandini sj (1967), hoje substituído por muitos bons dominadores da Lógica Matemática, sem desconhecerem a aristotélica, como ferramenta de relação com a verdade, tão usada pela Escolástica, do genial filósofo Tomás de Aquino.
A atual Pontificia Università Gregoriana, também, modernamente, chamando-se de Pontifical Gregorian University, congrega estudantes de 5 continentes e agora de 125 nações de diferentes culturas, sendo, dessa população estudantil, 21,84% das américas. Em observação às suas relevantes estatísticas, a PUG oferece as melhores pesquisas e estudos das ciências das religiões, em razão de acolher professores e alunos também das mais longínquas comunidades culturais do mundo, alguns deles com túnicas budistas, no seu Centro Studi Interreligiosi della Gregoriana, cuja fama é convidativa a intercâmbio, com cursos de interessados no assunto, como é caso daqueles que, aqui, estão ou passaram pelo Curso de Ciências das Religiões, da nossa UFPB, no nosso Centro de Educação.
Nessas escolas, para suas necessárias mudanças, não só estudava e me formava, mas, completa Ataulfo:“Eu, igual a toda meninada, quanta travessura eu fazia, jogo de botões sobre a calçada, eu era feliz e não sabia”.