SOBRE ROMANTISMO E PRECONCEITO RACIAL
Talvez uma das músicas românticas mais lindas seja Forever by you side (Para sempre ao seu lado) da banda The Manhattans. Eu não gostaria de morrer sem receber uma declaração de amor como essa que está contida na letra desta música, cuja tradução pode ser encontrada no YouTube. Não é música de dor de corno, é simplesmente o que toda mulher ou homem gostaria de ouvir de seu consorte. Seja numa relação hetero ou gay, afinal o amor está aí para ser celebrado em toda a sua plenitude. Admiro os casais, heteros ou não, que conseguem se manter juntos apesar de tudo e apesar deles mesmos.
E apesar de todos os meus fracassos amorosos, não perdi o romantismo. E espero não ser o último romântico dos litorais desse Oceano Atlântico, como já cantou o Lulu Santos, que também gravou uma das músicas mais lindas e românticas que já escutei, Certas coisas.
Mas quem diz "E eu sei que isso nunca vai acabar, por que cada vez que olho para você, eu me apaixono novamente" merece o troféu e com certeza um beijo da pessoa amada.
Detalhe: a tradução que encontrei no YouTube mostra como par romântico um galã branco e uma mocinha loirinha. Quando a banda que interpretou essa linda música, até onde sei em minhas pesquisas aleatórias, era de negros.
O que nos leva a outra reflexão aleatória: por que o loiro vende tanto e o negro precisa ser justificado em cotas raciais? E olha que sou loiro, alemão de pai e mãe.
Já vi morenas virando loiras graças ao mega hair, cheguei a pentear as jubas escuras que não conseguiam disfarçar a origem brasileira. Já vi cabelo bombril alisado. Já vi "baile de negro" no interior de Toropi RS, onde as pessoas "de cor" precisavam organizar seus bailes separados dos "brancos". E isso não faz tanto tempo assim, coisa de quarenta e poucos anos atrás. Tudo isso pra disfarçar o negão ou a negona (OPS: afrodescendente) que todos nós gostaríamos de ser.
Jorge Amado celebrou o negro em seus livros. Mas isso por que morava na Bahia, estado conhecido por sua negritude. Nos estados do Sul, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o preconceito de cor ainda encontra boa adesão, mesmo disfarçado.
O que é uma lástima. Por que no fundo babamos de gosto quando vemos um negro ou negra bonito (a). Por que tivemos ou tivemos muitos negros brilhando em todas as áreas. Pelé no futebol. Milton Nascimento na música. Taís Araújo na televisão. E o recente fenômeno literário Itamar Vieira Júnior, para citar apenas alguns exemplos
E por que o preconceito racial, mesmo disfarçado, é uma feiura que nossa evolução como seres humanos deve extirpar com urgência.