Câmara fria natural
O termômetro registra baixa temperatura no berço dessa madrugada. O vento leva a pouca energia que resta da isolação do dia anterior, desestabilização momentânea da circulação atmosférica e alteração na temperatura esta ocorrendo, na sala o aquecedor ligado não vence a massa fria.
Uma névoa fina vai despistando e logo vai aterrissar no flagelo trama social, cobertor sujo esfarrapado molhado, no saco encardido arquivo de roupa velha já usada esperando nova oportunidade de aquecer um corpo sebento, hospedeiro de fungos e bactérias proliferando sua família num ambiente totalmente favorável a sua espécie.
Dá um salto, busca acordar seus colegas ao lado, e por um instinto de sobrevivente recolhe o que sobrou do não encharcado cobrindo com lona plástica evitando a penetração das gotículas no que restou da sua muamba.
Desloca procurando um prédio com a aba de marquises comprida e lâmina mais achatada onde pode se alojar o que restou depois daquela avalanche polar.
A fumaça faz caracol saindo da xícara, o café aquece o peito, mas deixa gelado o coração que foi petrificado depois ter despertado do pesadelo daquela noite fria!!!!