O DOMINGO, A CPMF E O PAPA GREGÓRIO

Nunca antes havia parado para pensar nisso: mas para que serve o domingo? É dia de que mesmo? Não sei ao certo e nem estou a fim de pesquisar suas origens aprofundadamente. Só sei que o nosso calendário é o chamado calendário Gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório em 1582. É o mais utilizado neste nosso Planeta e veio para substituir o calendário Juliano, que também não foi o primeiro. A origem de todas estas “folhinhas” sempre foi a vontade e a necessidade de se contar o tempo e de registrá-lo. As fases da Lua e as estações do ano induziram os humanos a isto e foram (ou são) a base de quase todos os chamados calendários.

A origem da semana de sete dias encontramos no calendário hebraico. Ninguém sabe ao certo se está relacionada com a força e a mística do número sete ou se é apenas a coincidência das fases da Lua. O fato é que, nestes tempos modernos, de medições ultra-precisas e de instrumentos sofisticados, ainda somos regidos por um calendário baseado em observações empíricas e promulgado no século XVI por um Papa. Os seguidores da religião Judaica não admitiram o calendário Juliano, por exemplo, para que sua páscoa (Pesach) não coincidisse com o nosso Natal. Os muçulmanos, por sua vez, adotaram o calendário Lunar e a cada trinta anos acrescentam onze dias, do nada, para que se possa calibrar a coisa.

Esta introdução toda, foi só para vermos que a base de nossas contagens de tempo, na forma atual, não passa de ficção religiosa. Dentro desta ficção, supostamente, deveríamos consagrar o domingo à meditação e ao merecido descanso. Mas não é isto que acontece. É só sair na rua e constatar o comércio aberto, a cidade fervendo. Não é só na véspera do Natal, mas em todos os domingos do ano. Eu mesmo, já não aguentando mais olhar para meus livros e processos, para os quais tenho prazos (que não levam em conta o chamado dia sagrado), resolvi escrever um pouco, até para não enlouquecer.

Sou um desses felizardos que podem proclamar-se autônomos, ou seja, sou dono do meu nariz. Em compensação não tenho férias e em vez de receber o tal do décimo-terceiro, tenho de paga-lo. Como sou humano e gosto de uma praia, de uma água de coco e de ver a minha mulher de biquíni inserida em belas paisagens, preciso trabalhar quase todos os domingos do ano para poder pensar em dois ou três dias a beira-mar vez por outra. É claro que o Lap-Top vai à praia também, que ele não é bobo nem nada, além de ser viciado no toque de meus dedos. Mas, enfim, não é disto que se trata e, a menos que alguém faça alguma coisa, vou acabar perdendo a pouca Fé que ainda me resta. Assim não restará outra saída senão dar razão àqueles que vociferam contra o individualismo e a falta de senso social do Homem moderno, na base do salve-se quem puder.

Minhas digressões acabaram encontrando um culpado, se bem que não era isso que eu estava procurando. Trata-se da absurda carga tributária, que nos obriga a estes malabarismos, visando a nossa sobrevivência. E não pensem vocês que o Monstro de Sete Cabeças, chamado Governo Lula, vai se contentar em ver sua fonte dos prazeres extinta, sem fazer nada logo a seguir. Ao ver a CPMF finalmente varrida do mapa, logo me assolou a clássica pergunta: será que foi sorte ou azar? Com a palavra: Deus.