CAIU UM CISCO AQUI
O Mundo e suas modificações.
Desde a tecnologia em diversas áreas, quanto as mudanças climáticas enfim...
Tudo tende a mudar.Só não muda meu velho e querido amigo.
Sempre foi um cara turrão daqueles que falavam mais alto para querer impor a sua " lei " aquela ideia imposta pela masculinidade exacerbada, heranças de outrora.
E olha que; a lei do meu pai ultrapassava os portões da nossa casa.
Até os vizinhos o respeitavam muito, um respeito hierárquico para ser exato.
Bem! Minha mãe, eu e meus irmãos tínhamos também um grande respeito por ele, acho que não só nós do núcleo famíliar, mas toda a família tinha sim este cuidado perante ele, tanto que as questões de discussões e brigas se apaziguavam perante a presença de meu pai.
Ele sempre dizia; "homem que é homem enfrenta seus problemas de peito aberto e punhos serrados" esta era a forma dele falar, e mesmo que repetisse isto direto, nunca agrediu uma mosca se quer, pelo menos não que eu tenha visto, talvez um pernilongo sim, com aquele zumbizar chato no pé do ouvido.
Me digam quem nunca cometeu este "crime" "riso" a sangue frio, literalmente falando.
Mas o que quero dizer é :
Aquele homem de velha idade era tão retrógrado, que repetia constantemente:
Como dizia seu falecido avó: "Homem que é homem não chora" será que não?
Acredito que o vi chorar,uma única vez, percebi uma lágrima descer da face daquele magnífico homem , foi quando entreguei o meu diploma de formatura,dizendo que devia tudo a ele e o quanto era especial pra mim.
Pedi um abraço e antes do abraço dado, meu pai tinha pedido um segundo.
Um rápido intervalo,coisa de instantes.
Logo interpelou-me dizendo:
Claro meu filho,mas aguarde um segundo, então virou de costas e disse baixinho
Caiu um cisco aqui!
Então eu sorri,e quando retornou a virar para meu lado, lhe dei aquele forte e aconchegante abraço.
Pois é; quantos ciscos não caem nos olhos da gente nos momentos menos propícios não é mesmo.
Do meu livro: Textos Avulsos
( Autor: George Loez)