CARO ALMIRANTE
CARO ALMIRANTE
Nelson Marzullo Tangerini
Nestor Tangerini foi funcionário da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), na época, DCT (Departamento de Correio e Telégrafos), onde chegou a ocupara cargo na direção.
Em 1956, seu cunhado, o Almirante Camillo Henrique d´Arcanchy, Filho, escreve-lhe uma carta reclamando do carteiro que entregava cartas na rua onde morava, em Ipanema. Tangerini, sempre inspirado, responde-lhe, com humor:
“Rio, 22.5.56.
Caro Almirante,
Era carteiro-auxiliar, no Rio, um jovem nortista, que, sem vocação para o mister, cedo abandonou os Correios.
De acentuada veia poética, vivia o rapaz no mundo das musas.
Certa manhã, indo entregar aviso de registrado em casa de jardim à frente, foi, no repetir as palavras ao portão, recebido desatenciosamente por um cão policial.
Atirou o aviso no jardim e seguiu seu itinerário.
Quinze dias depois, recebe uma papeleta, na qual devia informar sobre o extravio do aviso.
Sempre inspirado, leu calmamente a papeleta, e lascou a seguinte informação:
‘Sr. Chefe
Bati, bati,
ninguém atendeu;
deixei aviso,
cachorro comeu'.
Com um abraço,
Tangerini”.
No dia anterior, 21 de maio de 1956, o escritor que vos escreve fazia 1 ano de existência. Portanto, não me vem à mente o nome do totó do desligado almirante, mas, de qualquer forma, fica registrada a carta que Nestor enviou para seu cunhado, Camillo, mostrando, com graça, a sua verve de humorista e poeta.
Enfim, plagiando Chico Buarque, não é de hoje que o Correio anda arisco.
...
O almirante d´Arcanchy era casado com Elsa Henny Tangerini d´Arcanchy, irmã de Nestor Tangerini.