A gente muda...

Alguém me disse: “- Você está se isolando”. Quase num tom de alerta. Agradeci pela observação e concordei. Certamente que pensávamos igual sobre o fato do meu relativo isolamento, mas não sobre sua razão e conseqüências. Para meu interlocutor eu desprezava companhias antes apreciadas. Para mim as companhias haviam mudado para um lado e eu, para outro, não necessariamente em todas as questões. A conseqüência disso, por exemplo, era que eu estava ficando mais reflexivo tal como agora. Antes eu não escrevia. Era mais dado à ação, a conversas amenas sobre assuntos triviais ou básicos até descobrir que eu era assim graças às reflexões, e gostei. Aí se configurou a mudança.

Já ouvi que estamos bem quando ficamos bem acompanhados somente de nós. Longe de egoísmos ou síndromes de João Gilberto, isso deve ser uma verdade positiva. Estar bem conosco. É desse ponto de partida que conseguimos interagir sem dependências às vezes até incômodas, ou seja, pagarmos um mico por necessidade de companhia, tipo “antes mal-acompanhado do só”. Pode até acontecer, mas com freqüência rara.

Hoje sinto solidões especializadas. Aquelas da presença de um amigo específico para cada assunto. Já não ouso chutar o assunto futebol na barriga de um amigo economês. Hoje está tudo tão especializado! Até os amigos! Eu sou apenas um generalista raso e rabugento