Vamos falar de livros.
VAMOS FALAR DE LIVROS.
Eu pensei em outro tema para a crônica deste domingo, porém, estou sentindo falta de uma boa conversa com alguém sobre minhas leituras, por isso, hoje vamos falar de livros, ou melhor, de um livro.
A saber, Capitães da areia.
Ainda na época do colegial, quando então conheci o autor Jorge Amado, fui apresentado a um de seus mais importante romance, ( Capitães da Areia ), um clássico ambientado nas areias da Bahia. A primeira impressão do livro não foi tão agradável, dada a minha imaturidade literária. Hoje, anos depois, em um reencontro do autor e sua obra, fiquei deveras maravilhado, boquiaberto eu diria com sua escrita e seus icônicos personagens. Verdadeiramente, para certos autores e seus livros é necessário um amadurecimento no que desrespeito a literatura, foi o que me aconteceu.
A obra é iniciada com reportagens fictícias que explicam a existência dos capitães da areia. Após a introdução a narrativa vai girar em torno dos atos praticados por esse grupo de meninos. As ruas, praias e becos são poucos dessa história. Meninos de rua entregues à própria sorte, lutando para sobreviver, denominados de 'Capitães da areia', desenham a dura vida destes menores abandonados. Pedro Bala é o chefe do bando, um menino loiro e filho de um grevista morto no cais. Tinha ido parar na rua por volta dos cinco anos de idade e desde jovem já se mostrava corajoso e o mais capacitado a se tornar o líder das crianças. O grupo ocupava um trapiche abandonado na praia e era formado por mais de cinquenta crianças, sendo que algumas foram sendo apresentadas aos poucos durante a narrativa. Professor é o único que sabe ler. Pirulito, é inclinado a vida religiosa, deseja ser padre, João Grande é o maior e mais forte do grupo, entre outros nomes, são esses os personagens principais, eu diria, responsáveis por grandes aventuras. Outro personagem que merece destaque é, Sem Pernas, um menino que uma vez foi pego pela polícia e por isso passou a ser um jovem amargo e que odiava a tudo. Por ser manco, às vezes era usado nos assaltos a casas: ele batia nas portas das casas dizendo que era um órfão aleijado e pedia ajuda. Ganhando confiança dos moradores, ele descobria o que tinha de valor na casa e depois relatava aos Capitães da Areia. Por fim, outros personagens são: Volta Seca, que se dizia afilhado de Lampião e sonhava integrar o bando; Boa Vida, jovem esperto e que se contenta com pouco; e João Grande, que tinha o respeito dos demais do grupo por sua coragem e tamanho. Ao lado dessas personagens centrais que formam o grupo, encontra-se ainda o Padre José Pedro, que era amigo dos meninos e procurava cuidar deles da forma que considerava mais correta, e a mãe-de-santo D. Aninha.
Em certo momento da narrativa, a varíola passa a assustar os moradores da cidade. Um dos meninos do grupo contraiu a doença e está internado. Nessa altura, surge Dora e Zé Fuinha, cuja mãe também morreu por causa da varíola, e eles passam a integrar o bando. No início alguns jovens tentaram se relacionar com Dora, mas foram impedidos por Pedro Bala, Professor e João Grande. Porém, Dora e Pedro Bala passam a ter certo envolvimento amoroso. Certo dia alguns dos meninos foram pegos em um assalto, mas foram protegidos por Pedro Bala e somente ele e Dora foram levados presos. Ela foi levada para um orfanato, enquanto Pedro Bala foi torturado pela polícia e mantido preso em uma solitária por oito dias. Algum tempo depois, os meninos conseguem ajudar Pedro a se livrar do reformatório e partem para libertar Dora também. Porém, encontram-na muito doente e ela passa apenas mais alguns dias com os meninos antes de morrer. Após a morte de Dora o grupo vai sofrendo algumas alterações. Pirulito parte com o Padre José Pedro para trabalhar com ele na igreja, Sem Pernas acaba morrendo em uma fuga da polícia e Gato vai para Ilhéus com Dalva, de quem é cafetão. Já o Professor conseguiu entrar em contato com um homem que lhe oferecerá ajuda e tornou-se pintor no Rio de Janeiro retratando as crianças baianas. Por fim, Volta Seca conseguiu se tornar um cangaceiro de seu “padrinho” Lampião. Após cometer muitas mortes e crimes, a polícia prende Volta Seca e ele é condenado. Cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai sindicalista que morrera em uma greve, Pedro Bala passa a se envolver em greves e lutas a favor do povo. Assim, movido por ideais comunistas e revolucionários, Pedro Bala passa o comando do bando para outro menino e parte para se tornar um militante proletário.
De todos os livros que li esse ano, esse, sem dúvidas, está entre os melhores, a escrita de Jorge é envolvente, poética, solta. Recomendo fortemente a leitura desse clássico brasileiro.